Chamado pelos marinheiros de o “pássaro que faz a brisa soprar”, o albatroz tem a maior envergadura entre as aves. A espécie é famosa por suas longas viagens de pesca, que duram algo entre 10 e 20 dias, período em que podem percorrer cerca de 16.000 km, sem descansar e quase sem bater as asas.
(Fonte: Shutterstock)
Mas não são apenas essas características que tornam o albatroz uma ave incrível: esse pássaro possui mecanismos que o permitem sobreviver ao frio polar.
Pena e sangue
Para enfrentar as baixas temperaturas polares, os albatrozes recorrem a um recurso usado por várias outras aves que precisam lidar com o frio: usam suas penas para gerar um isolamento térmico.
Possivelmente você já viu um pássaro afofando sua plumagem. Essa técnica visa prender o ar entre as penas e o corpo. Com isso, uma camada natural de isolamento é criada, algo como um saco de dormir.
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Outro comportamento importante para as aves marítimas, como o albatroz, é a capacidade de comer mais durante o inverno para manter o metabolismo e a frequência cardíaca adequada, e de tremer para garantir mais calor para o corpo.
Além desses aspectos, ainda temos a impermeabilização das penas, que ajuda a evitar a umidade. Mas essa é a parte mais simples.
Uma adaptação fundamental dessas aves para conservar a temperatura corporal durante o inverno polar é um eficiente sistema de contracorrente sanguínea, que evita que o sangue que vai até às extremidades do corpo volte para o coração em baixas temperaturas.
Como o sangue arterial sai do núcleo da ave a uma temperatura corporal quente e o sangue venoso (o que retorna ao coração) a partir de suas patas é frio, algumas aves desenvolveram padrões circulatórios que ajudam a reduzir a perda de calor quando estão mergulhando em água fria ou com as patas sobre o gelo.
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Basicamente, a medida que o sangue frio sobe da pata para o coração do albatroz, ele vai recolhendo pelo caminho a maior parte do calor das artérias. Dessa forma, enquanto o sangue que flui para cima é aquecido, o que flui para baixo é “resfriado”.
Assim, quando o sangue arterial chega às patas da ave, ele está mais frio, evitando que o corpo do animal perca mais calor.
Embora a maneira como isso ocorra seja parecido em boa parte das aves que vivem no frio, permanentemente ou por algum período, alguns pássaros, como as gaivotas, contam um mecanismo trocador de calor em contracorrente na parte superior de suas pernas.
Em risco
O albatroz-errante é a maior ave marinha, com uma envergadura que pode chegar a 3 metros. Todas as espécies de albatroz colocam apenas um único ovo, e várias se reproduzem somente a cada dois anos. A maioria desses pássaros precisa de 10 anos para atingir a maturidade sexual.
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O problema, é que estudos realizados nos últimos tempos indicam que frotas de pesca matam mais de 100 mil dessas aves todos os anos, já que elas são atraídas pelo cheiro de peixe e acabam presas nas redes de pesca e espinheis.
Como se isso não bastasse, o albatroz sofreu muito com a caça praticada em regiões frias por moradores locais para alimentação e por marinheiros, por questão de superstição, já que algumas lendas diziam que quem matasse um teria sorte.
Fatores como os citados, associados a uma taxa de reprodução muito baixa, podem fazer com que espécies de albatroz sejam exterminadas em algumas décadas.
Um exemplo desse cenário dramático é o que aconteceu na ilha da Geórgia do Sul, no Oceano Atlântico: nos últimos 40 anos, a população de albatrozes foi reduzida em 60%.
Fonte: MegaCurioso