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FUTILIDADE – História do parto por “cesariana”

No mundo moderno, com o avanço da medicina e da obstetrícia (especialidade médica que se dedica ao acompanhamento da gestação e do parto), o procedimento chamado “cesariana”, “cesária” ou, ainda, “parto em cesariana” tornou-se uma opção comum que, não necessariamente, está relacionada com o risco de morte iminente à mulher parturiente ou ao feto. Mas qual é a origem de tal procedimento? Por que possui esse nome tão singular? O nome tem sua raiz etimológica na palavra latina“caedere”, que significa “corte”, “cortar”. Mas há outra referência também que se junta a essa: o nome do líder da República Romana, Júlio César.

foto; Mundo Educação

O parto por cesariana, segundo algumas fontes historiográficas, remete ao nascimento do general líder da República Romana, Júlio César. César foi retirado do ventre de sua mãe, Aurélia, após a morte dela. Para salvar o bebê, os responsáveis pelos procedimentos médicos da época tiveram que optar pelo corte do ventre da mãe. Essa história, a despeito de ser exatamente verdadeira ou não, revela muito sobre tal prática e sobre a história da própria medicina.

O deus Esculápio (nome latino) ou Asclépio (nome grego), comum tanto à civilização grega quanto à romana, é considerado a divindade da medicina, do saber médico. Até hoje, seu símbolo, um cajado envolto em uma cobra, é utilizado como emblema de faculdades de medicina. Pois bem, no mito, Esculápio teria também sido retirado do ventre de sua mãe, Corônis, por Apolo, antes de cremar-lhe o corpo. Essa referência mitológica já denota um apreço especial do saber médico por práticas que vão além da estrutural natural com vistas à preservação da vida.

No entanto, na Antiguidade e na Idade Média, a maior parte dos relatos de cesariana acentua que o procedimento era aplicado apenas em caso de morte da mãe. Os relatos do primeiro parto em cesariana com a mãe viva remontam ao ano de 1500. A cesariana foi realizada por um homem comum, que, ao que consta, nada sabia de detalhes técnicos da medicina da época. Seu nome era Jacob Nufer.

Nufer retirou seu filho de sua própria esposa na cidadezinha de Sigerhaufen, na Suiça, após cortar-lhe o ventre com uma lâmina de cirurgião-barbeiro. Nufer foi auxiliado por duas parteiras após tentar todo tipo de procedimento e recorrer a todo tipo de recurso disponível na época. O talho no ventre da mãe cicatrizou normalmente e a criança não teve sequer uma sequela.

Assim como Nufer, outros casos semelhantes podem ter ocorrido também, tanto antes de 1500 quanto contemporaneamente ao caso da cidadezinha suíça. Mas o fato é que, como demonstra o pesquisador Joffre Marcondes de Rezende, apenas no século XVIII a cesariana foi aplicada por médicos no domínio estrito da obstetrícia:

A introdução da cesárea na prática obstétrica só teve início a partir do século XVIII. Tinha uma alta mortalidade fetal e materna e só era praticada em casos muito especiais. Langaard (1873), em seu Dicionário de Medicina Doméstica e Popular, dá-nos o seu testemunho: “Apesar de que não se pode admitir que a operação seja absolutamente mortal, é o numero das operadas que escapam muito limitado”. A preferência dos obstetras era para o uso do fórceps ou, se necessário, a embriotomia. Somente no século XX a cesárea tornou-se uma operação rotineira. [1]

NOTAS

[1] REZENDE, J.M. A Primeira operação cesariana em parturiente viva. In: À sambra do plátano: crônica de história da medicina. São Paulo: Editora UNIFESP, 2009. p. 172.

Fonte Mundo Educação.

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