Nos últimos dias, acompanhamos pelos telejornais e redes sociais a repercussão do caso da menina de 10 anos que engravidou após um estupro e que culminou com a interrupção da gestação de 22 semanas e alguns dias (informação controvérsia que não se esclareceu). Vítima de abuso sexual desde os 06 anos, violentada e violada em seu corpo de criança, conseguiu “gritar” somente quatro anos após o início de uma violência que é definida como qualquer ato ou jogo sexual, em que o agressor, exercendo algum domínio psicológico em relação à criança ou o adolescente, use-a com a intenção de estimulá-la sexualmente ou utilizá-la para obter satisfação sexual. O abuso sexual se apresenta sob a forma de práticas eróticas e sexuais impostas à criança ou ao adolescente pela violência física e psicológica, somada a ameaças, na maioria das vezes, de morte, sua ou de sua mãe, de um irmão ou irmã mais novo. Pode variar desde atos que não produzem o contato físico (exibicionismo, produção de fotos), até diferentes ações que incluem contato físico e sexual com ou sem penetração. Engloba ainda, a situação de exploração sexual visando lucros como é o caso da prostituição e da pornografia.
O Ministério da Saúde, classifica a violência sexual contra crianças e adolescentes como um grave problema de saúde pública, isto devido a seus efeitos negativos e em muitos casos, permanentes, no desenvolvimento cognitivo, emocional, comportamental, físico, afetivo e social. Estas consequências negativas podem se manifestar de várias maneiras e em qualquer idade.
A lista de consequências e sequelas para a vida de um criança ou adolescente vítima de abuso sexual é tão extensa, que vai desde transtornos psicopatológicos de identidade até os transtornos de preferência sexual, que incluem as parafilias como fetichismo; voyeurismo e sadomasoquismo. Além destes, podem surgir a curto prazo, problemas de ajustamento sexual, despertar ou aumento das atividades masturbatórias, desenvolvimento precoce dos interesses e da independência do adolescente. É possível descrever ainda, mudanças extremas relacionadas a distúrbios alimentares. Medo, perda de interesse pelos estudos e brincadeiras, dificuldades de se ajustar, isolamento social, déficit de linguagem e aprendizagem, distúrbios de conduta, baixa autoestima, fugas de casa, uso de álcool e drogas, ideias e tentativas suicidas e homicidas, automutilação e agressividade também têm sido descritos. As alterações cognitivas podem incluir: baixa concentração e atenção, dissociação, refúgio na fantasia, baixo rendimento escolar e crenças distorcidas.
Perceber se uma criança ou adolescente está sendo vítima de abuso sexual é o primeiro passo para ajudá-la. O acompanhamento psicológico é de suma importância para que a vítima possa ressignificar o trauma a que foi exposta, e então dar um novo sentido à sua vida.
Por Josiane de O. M. Pörsch.
Psicóloga – Universidade Mackenzie (São Paulo)
Pós-Graduada em Psicologia Hospitalar – ICHC-FMUSP
Pós-Graduada em Educação Especial Inclusiva – UNOPAR
Pós-Graduada em Saúde da Família – Escola de Saúde Pública do Estado do MT
Pós-Graduada em Gestão Pública – IFMT
Pós-Graduanda em Psicologia e Coaching – Faculdades Metropolitanas
Coach de Emagrecimento pelo: Profissão Coach Express e Health Coach International Institute
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