terça-feira, 1 abril, 2025
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Chuvas de 400 mm em uma semana atrasam colheita da soja em Canarana

CANARANA – As chuvas intensas em Canarana, na região do Vale do Araguaia em Mato Grosso, dificultam os trabalhos dos produtores na colheita da soja nesta temporada 2024/25. Em uma mesma semana, produtores relatam acúmulo de 400 milímetros em suas propriedades.

Colheita de soja em Canarana, foto de Pedro Silvestre para o Canal Rural.

Além da soja que era para ser colhida com 110 dias e foi retirada com 124 dias das lavouras, produtores relatam ainda transtornos e prejuízos com atoleiros diante os grandes volumes de água.

“Esse ano está muito difícil, muita chuva na época da colheita, vários produtores tirando soja com muita umidade”, comenta o produtor Diego Dal Asta ao Patrulheiro Agro.

O produtor nesta safra 2024/25 cultivou 3,4 mil hectares de soja em sua propriedade no município de Canarana. Ele comenta que “quando o dia colabora” os trabalhos seguem até por volta das 23h.

“É um horário que sobe muito a umidade, mas estamos tocando até tarde para terminar a soja. Tivemos várias áreas de atoleiros, tivemos que chamar máquinas com esteira, com tração durante a colheita. [Registramos] semanas com grandes volumes. Trezentos milímetros, 400 milímetros de chuva em menos de uma semana”.

Diago Dal Asta pontua ainda que, diante da situação vivida com a soja, os trabalhos com a semeadura do milho e do gergelim devem terminar com cerca de 10 dias de atraso em relação ao planejado.

Na propriedade do produtor Mateus Goldoni a situação não é diferente. Por lá, todo o sistema operacional da temporada está sendo realizado com um nível de chuva alto.

“E tem esse problema com atoleiros, com máquinas que muitas vezes ficam atoladas. Você tem que terceirizar uma escavadeira, um caminhão guincho. Isso causa um transtorno, porque pode danificar a máquinas. Temos estradas vicinais que muitas vezes os órgãos estaduais ou municipais não dão conta de controlar todo esse fluxo nesse período, que é muito grande”.

O alto volume de chuvas nesta safra também tem gerado problemas para o produtor Alex Wisch. Em quatro meses a propriedade registrou um acumulado de chuvas superior a dois mil milímetros. Volume esse considerado acima da média.

Ao Canal Rural Mato Grosso, Alex relata ainda que dos 32 dias de colheita da soja 2024/25, 28 foram praticamente debaixo de chuvas.

“Duas horas de colheita, uma hora de colheita por dia. Teve dias que não deu colheita por muita chuva. Tivemos um talhão de 97 hectares em específico que levamos 16 dias para colher, onde tivemos 1.025 sacas de soja com desconto por umidade. Era para termos terminado no máximo dia 28 de fevereiro, até o dia 5 de março estourando, e ainda não conseguimos terminar a colheita”.

Sobre atoleiros na lavoura, o produtor frisa que “não sofreu tanto”, mas que o excesso de umidade e água em cima do solo tem dificultado a entrada das máquinas para semeadura do gergelim.

Alex comenta ainda à reportagem do Canal Rural que, além dos problemas com atraso da colheita e descontos pelo excesso de umidade, neste ciclo ele está tendo um prejuízo maior: com 50 hectares de soja colhidos apenas uma máquina pegou fogo e teve perda total

“Essa foi a maior perda e maior tristeza este ano. A máquina que estou operando é alugada e a outra que está ajudando também é terceirizada. E, em mais uma máquina que também está ajudando nós que está colhendo para um tio aqui ao lado. Tivemos que contratar máquinas esse ano 100% para tirar a soja da lavoura. É uma indústria a céu aberto. O que está sob nosso controle a gente controla. O que foge do controle, infelizmente, só pedir a Deus que nos guie”.

Operação de guerra para perder o mínimo

Canarana nesta safra 2024/25 plantou aproximadamente 350 mil hectares de soja. De acordo com o presidente do Sindicato Rural do município, Lino Costa, para conseguir retirar o grão das lavouras “tem que ser uma operação de guerra, com muita competência para poder perder o mínimo possível”.

“Toda soja que chegou no ponto de colheita, se você não colheu dentro de dois, três quatro dias, a partir do momento que ela começa a pegar muita chuva em cima, automaticamente ela perde peso e se invernar de chover ela já começa a perder qualidade quando abre sol”, diz o presidente do Sindicato Rural, Lino Costa.

Ele lembra ainda que hoje existem variedades que conseguem aguentar um pouco o excesso da água e dias menos luminosos, contudo, há “variedades com um teto produtivo mais alto que normalmente são mais sensíveis. Então essas têm que tirar o mais rápido possível do campo”.

No que tange a produção, Lino afirma que “está boa”, apesar do desafio em tirar ela do campo. “O pessoal que já terminou a colheita, alguns vão ajudando uns aos outros e aí vai tentando amenizar a coisa”.

Por Viviane Petroli e Pedro Silvestre para Canal Rural.

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