Com uma das maiores e mais ativas forças armadas do mundo, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos receia que a próxima geração de militares, a quem batizaram em comunicado de “Geração Nintendo”, não seja capaz de enfrentar uma situação real de combate.
O temor parte dos últimos resultados dos campos de treinamento, nos quais os jovens entre 18 e 25 anos demonstraram maior fragilidade corporal e dificuldade em completar os exercícios propostos. De acordo com o Pentágono, “os recrutas de hoje possuem um estilo de vida muito mais sedentário em comparação a gerações anteriores”, o que os tornaria “mais propensos a lesões”, pois não teriam o hábito de realizar atividades físicas intensas.
Crítica carrega certa contradição, já que o próprio órgão de defesa do governo americano lançou um método de recrutamento que utilizava a tecnologia dos games para determinar perfis mais aptos a atuarem em situações de conflito.
“Geração Nintendo” corresponderia à Geração Z
A crítica vinda dos altos cargos das forças armadas norte-americanas chamou a atenção por se referir a potenciais recrutas da Geração Z, que inclui nascidos entre 1997 e 2012. Isso porque o termo “Geração Nintendo” é, costumeiramente, utilizado quando se trata dos Millennials, alvo mais habitual de críticas sobre aptidão militar.
A imprensa que repercutiu a manifestação do Departamento de Defesa também apontou contradições na declaração, em especial na crítica ao uso de videogames. Isto porque o mesmo Pentágono já havia se manifestado em outras ocasiões dizendo que o uso de jogos de tiro em primeira pessoa por fuzileiros navais e marinheiros era benéfico, porque agiliza o aprendizado de novas tarefas.
Outra contradição apontada, os próprios militares foram os principais responsáveis por grande parte do aporte de dinheiro em equipes de e-sports nos últimos anos, usando o videogame como ferramenta de recrutamento.
Postura dura com os jovens é tradição no universo militar
Apesar de inusitada a crítica das forças armadas a um suposto comodismo dos jovens adultos, ela não é um caso isolado. Aliás, é até possível chamar de tradição. Prática comum no segmento militar, uma postura crítica e depreciativa da juventude sempre foi encarada como uma etapa para selecionar os mais aptos a enfrentarem um ambiente como o militar.
Contudo, as estatísticas conhecidas atualmente demonstram que o maior problema para o Pentágono não deveria ser uma suposta fragilidade dos ossos de recrutas que fazem uso excessivo de jogos eletrônicos. Na realidade, as maiores causas de inelegibilidade para o serviço militar nas últimas duas décadas têm sido o uso de drogas, excesso de peso e os baixos índices de educação.
Na prática, isso denota que o alerta deveria estar centrado em questões básicas de bem-estar social e menos no que os jovens fazem em seu tempo livre. Principalmente num cenário em que a juventude americana não tem diminuído seu interesse em se alistar nas forças armadas. Tanto é que, no mesmo relatório, os militares dão dicas de como estar mais preparado para o processo seletivo.
Fonte: MegaCurioso.