A árvore de natal, junto à figura do Papai Noel e à estrutura do Presépio, constitui um dos símbolos mais populares do Natal, o dia em que os cristãos católicos celebram o nascimento de Jesus Cristo. De modo geral, tanto a data de nascimento de Cristo quanto os demais simbolismos adotados pela Igreja adequam-se ao calendário litúrgico e às substituições de ritos e cultos de deuses pagãos pela ritualística cristã. A história da árvore de natal, ao que tudo indica, segue esse processo sob o trabalho de um monge medieval conhecido como São Bonifácio.
Inicialmente, é necessário que se compreenda a enorme importância que o símbolo da árvore teve em diversas civilizações. Na antiga Mesopotâmia, por exemplo, essa simbologia estava bastante presente. Caldeus e até babilônios e assírios desenvolveram representações sobre a árvore como algo que estava intimamente relacionado à vida, ao florescimento e à frutificação. Entre os hebreus, esse mesmo simbolismo também era muito forte e, em grande parte, foi herdado dos povos mesopotâmicos. A estrutura da cabala, por exemplo, segue o simbolismo da árvore da vida, que aparece no centro do Paraíso, no livro de Gênesis, na ocasião da queda do Homem, descrita no capítulo 3:
“Depois disse Iahweh Deus: ‘Se o homem já é como um de nós, versado no bem e no mal,” que agora ele não estenda a mão e colha também da árvore da vida, e coma e viva para sempre!”E Iahweh Deus o expulsou do jardim de Éden para cultivar o solo de onde fora tirado e baniu o homem e colocou, diante do jardim de Éden, os querubins e a chama da espada fulgurante para guardar o caminho da árvore da vida. Ele produzirá para ti espinhos e cardos, e comerás a erva dos campos.” (Fonte: Bíblia de Jerusalém)
São Bonifácio, que viveu entre os séculos VII e VIII d.C., foi o responsável pela cristianização dos germanos, ou povos germânicos, que se instalaram no norte da Europa, entre os rios Danúbio e Reno. Assim como os hebreus e os povos da Mesopotâmia, os germanos também tinham uma forte ligação com o símbolo da árvore, talvez até mais central que esses últimos. O deus Odin, figura central na mitologia nórdica, era reverenciado pelos germanos por meio do culto a uma grande árvore de carvalho. Essa árvore, por sua vez, fazia referência a Yggdrasil, isto é, a árvore que era o eixo do mundo, para os germânicos. Além disso, havia ainda o culto às árvores de pinheiros, que eram cultuadas por tribos celtas e teutônicas por conta de sua resistência ao rigor do inverno.
Para São Bonifácio, tal simbolismo direcionado ao culto pagão deveria ser debelado. O culto às árvores, sobretudo aos pinheiros, passou a ser direcionado à atmosfera litúrgica do inverno e, principalmente, ao acontecimento central relacionado a essa época do ano para os Cristãos: o nascimento do menino Jesus. Progressivamente, o pinheiro passou a ser enfeitado não para o culto aos deuses pagãos antigos, mas para celebrar o nascimento de um Deus feito Homem. Do norte da Europa, o hábito do enfeite da árvore de natal espalhou-se e tornou-se comum por todo o mundo.
Por Me. Cláudio Fernandes, Brasil Escola.