CUIABÁ – O médico Abdon Salam Khaled Karhawi, que é especialista em infectologia e professor da Universidade Federal de Mato Grosso, afirmou que Mato Grosso possui a estrutura necessária para atender os casos de coronavírus, mesmo na hipótese de ocorrer o pior cenário projetado de propagação da pandemia.
Abdon colabora com o Gabinete de Situação criado pelo Governo do Estado para monitorar e deliberar as ações necessárias para impedir o avanço do covid-19 em Mato Grosso.
“Estamos trabalhando para que haja o menor impacto possível. O vírus está instalado e em progressão. Toda a estrutura estadual está sendo preparada para isso. As unidades estão realocando leitos para estes pacientes, otimizando os espaços isolados. O fato é que precisamos ouvir os gestores, que estão trabalhando com isso. A equipe comandada pelo governador Mauro Mendes e pelo secretario de Saúde, Gilberto Figueiredo, está extremamente focada para que as pessoas recebam o tratamento necessário neste momento. Todos estão muito preocupados para que as pessoas recebam o atendimento correto”, afirmou ele, durante coletiva transmitida pela internet sobre a consolidação das medidas contra o coronavírus, nesta quinta-feira (26.03).
O infectologista fez uma projeção da situação de Mato Grosso com o cenário da Itália, onde a pandemia provocou milhares de mortes. De acordo com ele, ainda que o vírus avance no Estado com a mesma força que avançou no país europeu, o que não deve acontecer, o Estado contará com um cenário “plausível de controlar”.
“Podemos pegar a população italiana, que tem 60 milhões de habitantes e que até o dia 25 de março de 2020, quando estava no 55º dia da epidemia, haviam 75 mil pessoas infectadas. Desse grupo de pacientes, 10% tiveram complicações mais graves. Nesse cenário, se compararmos com Mato Grosso, temos uma estimativa de que aqui, no 55º dia da pandemia, a partir da primeira infecção, teremos pouco mais de 4 mil pessoas contaminadas. Isso deve gerar uma perspectiva de que 850 pessoas precisarão de atendimento hospitalar e, dentro desse grupo, cerca de 200 a 220 serão de leitos em UTI”, afirmou.
“Temos informações científicas que a cada 1000 pessoas com infecção documentada, 200 precisarão de atendimento hospitalar. Dessas 200, 50 estarão em UTI.”
Abdon ponderou que esses números estão projetados na perspectiva do pior cenário possível, que é o exemplo italiano. Por isso, ele reiterou a necessidade de a população continuar a seguir as determinações do Governo do estado, no sentido de evitar o contato social, manter distanciamento mínimo de 1,5m e promover a devida higienização.
“Temos um cenário bem plausível de controlar, tendo como base os indicadores que dispomos no momento. De maneira objetiva, temos um cenário controlado. Estamos muito atentos na progressão da doença no Brasil e no mundo. A epidemia é dinâmica e estamos monitorando todas essas mudanças”, ressaltou.
Ampliação de leitos
O Governo de Mato Grosso tem definido uma série de ações para contar com a estrutura necessária de atendimento. No momento, as unidades geridas diretamente pelo Governo contabilizam 240 leitos clínicos disponíveis em oito hospitais.
Com as medidas do Plano de Contingência, o Estado contará com o total de 616 leitos clínicos nos hospitais estaduais.
Já o total de leitos das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) disponibilizados nos hospitais estaduais é de 126 leitos, entre neonatal, adulto e pediátrico. Com o Plano de Contingência, a rede de assistência do estado passará a ter 228 leitos de UTI.
Também está previsto o incremento de 376 leitos clínicos e 102 leitos de UTI adulto para o atendimento de pacientes com a Covid-19. O Hospital Metropolitano de Várzea Grande, por exemplo, terá ampliação de 200 leitos, passando a contar com um total de 260 leitos exclusivos para os casos de coronavírus.
Lucas Rodrigues | Secom- MT; Foto – Christiano Antonucci.