Em Mato Grosso, ao menos 42 dos 142 municípios estão sob o domínio de uma ou mais facção criminosa.
De acordo com dados do estudo “Cartografias da Violência na Amazônia”, divulgado no dia 11 deste mês, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em parceria com o Instituto Mãe Crioula, 27 dessas cidades mato-grossenses contam com apenas um grupo e, nos 15 restantes, há pelo menos dois.
Entre as facções identificadas, constam as presenças do Comando Vermelho (CV), Primeiro Comando da Capital (PCC), Tropa Castelar e do B40.
Conforme já divulgado pelo DIÁRIO, o grupo B40, criado em São Luís (MA), foi noticiado pela primeira vez neste ano no Estado, com membros em Cuiabá, Várzea Grande e Cáceres.
No entanto, o CV é a facção hegemônica no território mato-grossense e está presente de forma única em 23 municípios, entre eles, Cuiabá, Várzea Grande, Sinop, Sorriso, Lucas do Rio Verde, Alta Floresta, Cáceres e Rondonópolis.
O grupo também atua nas cidades de Araguaiana, Arenápolis, Aripuanã, Barra do Bugres, Campo Novo do Parecis, Confresa, Diamantino, Glória do Oeste, Guiratinga, Itanhangá, Jangada, Juína, Mirassol D’Oeste, Nobres, Nortelândia, Nova Mutum, Nova Ubiratã, Peixoto de Azevedo, Pontes e Lacerda, Porto Espiridião, Primavera do Leste, Querência, Rosário Oeste, São José do Rio Claro, São José dos Quatro Marcos, Sapezal, Tangará da Serra, Tapurah e Vila Bela da Santíssima Trindade.
Já o PCC tem o domínio em apenas um município, que é Pedra Preta (238 km ao Sul de Cuiabá).
No entanto, o PCC registra conflitos com o CV em outras 13 cidades.
Na lista aparece Sorriso (420 km ao Norte de Cuiabá), onde também foi identificada a influência do Tropa do Castelar, grupo já conhecido desde o final de 2022.
O Tropa do Castelar surgiu a partir de uma dissidência de membros do CV de Sorriso, recebendo apoio e fortalecimento através de armamentos do PCC, que busca expandir sua atuação no Estado.
O Tropa do Castelar também está presente em Alto Paraguai, Nova Maringá e Nova Santa Helena.
O levantamento destaca ainda que Mato Grosso é estrategicamente usado pelo crime como rota do narcotráfico, sobretudo trazendo entorpecentes da Bolívia e Peru para o Brasil.
“No estado há muitas pistas de pousos, densa rede de rodovias e uma extensa faixa de fronteira marcada pelo Rio Guaporé, que separa o Brasil e a Bolívia”, destaca.
Outro fato relatado pelo estudo são alguns casos de homicídios ocorridos no Estado, cuja motivação estava relacionada com pessoas fazendo símbolos de facções em fotos postadas em redes sociais, justamente em municípios em disputa de facções, sem que de fato as pessoas tivessem alguma relação com o crime organizado.
O caso mais recente foi o duplo assassinato das irmãs Rayane Alves Porto, 25 anos, e Rithiele Alves Porto, 28, em Porto Esperidião.
Elas foram torturadas e mortas, segundo a polícia, por causa de uma foto publicada nas redes sociais, na qual, conforme a cúpula do CV, estariam fazendo o símbolo do PCC.
Contudo, conforme o relato do namorado de uma das vítimas, é que elas fizeram com a mão o símbolo do “rock”, somente.
Rayane Porto era candidata a vereadora na cidade. O crime, que segue sob investigação, aconteceu em setembro deste ano.
Além de Mato Grosso, a Amazônia Legal é composta por nove estados brasileiros.
De acordo com os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, há 772 municípios na região.
No geral, conforme o levantamento, 260 desses municípios caíram nas mãos de grupos como CV, do Rio de Janeiro, e o PCC, de São Paulo, em 2023.
Em relação a 2022, houve um aumento de 46% na presença do crime organizado nesses municípios.
Por Diário de Cuiabá.