CANARANA – O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) remarcou as eleições municipais de 2020 para o domingo, dia 15 de novembro, por conta da pandemia do novo coronavírus. Tradicionalmente a eleição ocorre no primeiro domingo de outubro, que neste ano seria no dia 04.
Porém, com a continuidade dos casos e mortes decorrentes do Covid-19, que no Brasil já atingiram 2,8 milhões de infectados e quase 100 mil mortes (97 mil) até o dia 06, muitas perguntas ainda estão sem resposta, que poderão culminar com uma grande abstenção de eleitores, caos no dia do pleito, desigualdade na eleição, enxurrada de ações judiciais, ou mesmo propagação do vírus.
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Representantes ligados à Justiça Eleitoral ouvidos pelo OPioneiro, dizem que nem mesmo eles sabem como será o pleito com tantas incertezas. Até o momento o TSE não trouxe à luz muitos dos questionamentos. Alguns deles, já causam incômodo no meio político.
Para ter como base, o Boletim Epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde, do dia 06 de agosto, apontava que Canarana possui 552 pessoas monitoradas por Covid-19. Entre os monitorados, estão as 155 pessoas com o vírus ativo, mais 85 pessoas suspeitas (que aguardam resultado do exame) e mais 312 pessoas que tiveram contato direto com os confirmados e suspeitos e, por isso, precisam ficar em quarentena.
Se as eleições fossem hoje, estas mais de 500 pessoas estariam impedidas de votar em Canarana, que tem pouco mais de 15 mil eleitores, por causa das medidas de isolamento. Não foi esclarecido ainda se haverá algum outro meio de possibilitar com que as pessoas em quarentena possam exercer o direito ao voto.
Se por um lado muitos eleitores não poderão ir às urnas, por outro lado não se sabe como será a adesão dos voluntários, que trabalham como mesários ou fiscais durante o pleito. Soma-se a isso o risco de algum servidor das zonas eleitorais contrair o novo coronavírus e toda a equipe, geralmente já reduzida, ter que ficar de quarentena, seja no período de preparação das urnas ou mesmo no dia da votação e apuração dos resultados.
Para o candidato, há também a possibilidade dele mesmo contrair o Covid-19 durante o período eleitoral e não poder fazer campanha ou mesmo votar em si próprio. Para os eleitores, acredita-se que a abstenção será histórica, pois muitos terão medo de ir até os locais de votação com receio de contrair o vírus. Uma única escola em Canarana, por exemplo, é o local de votação de mais de três mil eleitores.
Municípios como Canarana, possuem distritos e comunidades indígenas, que geralmente acabam sendo base eleitoral de alguns candidatos. Caso ocorra um surto em algum desses distritos ou aldeias nos dias que antecedem a votação, colocando todos em isolamento, o candidato daquela comunidade poderá ser seriamente prejudicado no pleito.
Como os mandatos atuais terminam no dia 31 de dezembro, necessariamente o pleito precisa acontecer ainda esse ano. Mas, se o TSE não trouxer meios para resolver as questões que pairam, será uma eleição, nos atuais moldes, prejudicada! O resultado poderá ser de confusão, com uma enxurrada de ações judiciais, caos para o eleitor e, no pior dos cenários, disseminação ainda mais forte do vírus.
Por OPioneiro.