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Vítima ou agressor? O outro lado da violência nos relacionamentos íntimos

Por Bruna Sörensen.

Você já ouviu falar em violência contra os homens? Já ouviu falar sobre homem violentado por mulher? Te parece estranho? Motivo de risos e piadas? Pois é isso que divulgam pesquisas nacionais e internacionais sobre o tema.

Psicóloga Bruna Sörensen.

As violências contra as mulheres são práticas que merecem toda nossa atenção. A preocupação e os esforços para acabar com ela ou diminuir as ocorrências, são inquestionáveis e importantíssimas. No entanto, um olhar ampliado para a dinâmicas dos relacionamentos íntimos coloca em evidência a complexidade dessas relações e mostra uma outra parte dessa relação: a dos homens violentados por parceiras e parceiros íntimos.

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O processo judicial envolvendo o famoso ator Johnny Depp e sua ex companheira, a atriz Amber Heard, trouxe à tona um assunto polêmico, complexo e triste, que é a violência nos relacionamentos íntimos, e serve de exemplo para pensarmos essas situações.

À primeira vista, a briga judicial dos atores, que durou anos, nos leva a querer encontrar, de imediato, qual é o culpado e qual é a vítima da situação. O que revela nossa tendência humana em querer classificar as coisas, pessoas e comportamentos, de maneira dicotômica e excludente, em termos de bom ou mau, mocinha ou bandido.

No entanto, quando o assunto é a violência nos relacionamentos íntimos, um olhar mais cuidadoso e qualificado, permite enxergar que, nem sempre, a violência pode ser classificada dessa forma, porque, em muitos casos, ela é mais complexa do que isso, e exige entendimento qualificado e cuidadoso, especialmente quando se trata de profissionais que atendem esse público, seja na área da segurança publica, do direito, da psicologia, da saúde etc.

Nesse sentido, é importante entender que a violência pode acontecer de forma uni ou bi direcional, se apresentando como um padrão de interação utilizado pelos parceiros, em uma tentativa adoecida de se relacionar.

Saber disso é fundamental, não só para profissionais que trabalham com pessoas em situação de violência, mas também para todas/os nós que, enquanto cidadãs/ãos, temos responsabilidade quando se trata de combatê-la, e temos poder, quando se trata de cometê-la.

Julgar a situação ou querer definir de imediato quem é culpado e quem é vítima, pode fazer com que se reproduzam violências, que estão presentes e naturalizadas na nossa cultura. Portanto, considerar a complexidade das relações íntimas e da violência nessas relações, nos distância de assumir uma postura julgadora e violenta, porque passamos a entender que as pessoas não apanham porque gostam e, tampouco, ficam juntas simplesmente porque querem, como às vezes escutamos por aí.

Mais que isso, considerar as situações em que homens são vítimas de parceiras violentas, é uma forma de considerar que os homens não são todos iguais, e de que as mulheres também não são. É uma forma de garantir cuidado e proteção para todas as possíveis vítimas de violências. Mas, de forma alguma, é uma tentativa de minimizar os efeitos das violências contra mulheres, ou querer desqualificar esse fenômeno.

Olhar para as duas faces dessa moeda, é poder entender o caráter relacional e adoecido em que muitas pessoas estabelecem seus vínculos. É chamar atenção para as diferentes violências que se apresentam como tentativas desesperadas e intensamente adoecidas e disfuncionais de lidar com a frustração, expressar emoções, buscar conexão emocional, distanciar-se emocionalmente, e uma infinidade de diferentes necessidades emocionais, que explicam sua ocorrência.

Saber de tudo isso, é ser uma pessoa diferenciada, capaz de ajudar pessoas a perceber quando se encontram em situações de violências, e ajudá-las a ver que existe um caminho de cuidado e fortalecimento, que pode trazê-las para fora dessas relações adoecidas.

Seguimos, por mais saúde nas relações íntimas.

Se tu quer saber mais, me acompanhe no Instagram e no YouTube: bruna sorensen psicóloga.

Bruna Sörensen é Psicóloga, Mestre em Psicologia. Especializanda em terapia familiar sistêmica. Psicoterapeuta de adultos, casais e famílias.

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