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5 indígenas Xavante morrem de covid-19 em menos de 24 horas

BARRA DO GARÇAS – Cinco indígenas da etnia xavante morreram em decorrência da covid-19 entre a tarde de segunda-feira (29) e a manhã de terça-feira (30). Sem equipamentos de proteção, com falta de medicamentos básicos como dipirona, os indígenas sofrem com a pandemia do novo coronavírus. Apesar das mortes, eles pouco têm recebido de auxílio do governo federal, responsável pela saúde indígena.

Segundo o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) Xavante, Clarêncio U’repaiwe Tsuwté, uma das vítimas era um técnico de enfermagem Fabrício Oerewa, que atuava em Barra do Garças (509 km a leste da Capital) e faleceu na manhã desta terça-feira. Das 5 vítimas, 4 eram homens e apenas uma estava internada na Capital.

Além dessas 5 mortes, no fim de semana foram registradas mais 9 óbitos pela doença entre indígenas em Barra do Garças. A baixa imunidade dos índios, somada à falta de leitos e à dificuldade de atendimento e acesso à saúde são fatores que têm contribuído para que a mortalidade entre essas comunidades tenha aumentado.

 

Fazem parte do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Xavante mais de 300 aldeias, onde moram cerca de 23 mil indígenas. Além das dificuldades causadas pelo acesso aos recursos e atendimento médico, a pandemia trouxe à tona a falta de recursos e investimentos na área da saúde que já era denunciada pelo Condisi há anos.

Num período de 24 horas, nove indígenas da etnia Xavante morreram com sintomas de covid-19 no Mato Grosso, incluindo um bebê.
Aldeia Xavante em Canarana; Foto – Arquivo OP

“Na aldeia não tem material de prevenção, não tem apoio. Falta muito material. Artistas como Marcos Palmeira e Dira Paes abraçaram a causa para arrecadar fundos e construir uma enfermaria indígena para que não precisemos sair das aldeias”, conta Clarêncio.

O líder indígena afirma que faltam desde medicamentos básicos, como dipirona, até outros para o tratamento de doenças crônicas como diabetes e hipertensão, o que leva os indígenas a se deslocarem para as cidades e aumenta o risco de contágio.

 

“Temos mais de 300 aldeias e cerca de 100 agentes indígenas de saúde, o que mostra a disparidade da situação. São os agentes que levam a informação que os pacientes não estão bem, que solicitam medicamentos. Já pedimos mais agentes, mas não formos atendidos”, argumenta Tsuwté.

Sem receber materiais da União, as aldeias contam com a solidariedade para se prevenir durante a pandemia. “Várias pessoas doaram máscaras. Fizeram uma campanha em Goiânia e vão enviar 5 mil máscaras. Mas precisamos de tudo, de avental, luvas de proteção, medicamentos. Toda ajuda é bem-vinda”, reforça o líder indígena.

Por Gazeta Digital.

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