Uma rede de abrigos subterrâneos para guarda e proteção dos equipamentos foi localizada, em mais uma ação de combate do garimpo ilegal e desintrusão de invasores na Terra Indígena (TI) Sararé, localizada em Pontes e Lacerda (448 km ao Oeste de Cuiabá).
A região é considerada uma “zona sensível”, na faixa de fronteira, da divisa do Brasil com a Bolívia, em Mato Grosso, e onde há forte incidência de crimes como o tráfico de drogas e de armas.
A Operação Xapiri-Sararé, coordenada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), abrangeu uma área denominada “Garimpo do Cururu”, onde as atividades criminosas persistem de maneira intensa.
No lugar, estão concentrados e escondidos criminosos da facção criminosa o Comando Vermelho (CV).
“A organização criminosa exerce o controle de diversas áreas dentro do território indígena com grupos fortemente armados, munidos de grande quantidade de armamentos de uso restrito”, informou o órgão federal de Meio Ambiente.
No local, foram localizados 14 bunkers, com estoques de alimento e grande quantidade de equipamentos e insumos diversos para as atividades ilegais.
Em um dos abrigos identificados, foram encontradas seis armas de fogo, incluindo um fuzil 5.56 mm e duas espingardas calibre 12.
Segundo o Ibam, geralmente, esses abrigos são feitos sob os acampamentos e próximos dos locais de funcionamento das atividades ilegais. Esses esconderijos facilitam a rápida desmobilização e guarda de insumos diversos, equipamentos e armamentos evitando que sejam localizados, aprendidos ou destruídos durante as ações de fiscalização.
No decorrer da ação, as equipes também foram surpreendidas por disparos de fuzil efetuados pelos criminosos dispersos na área, e que atuavam na proteção de estruturas criminosas e maquinários de extração mineral.
Um dos confrontos ocorreu no dia 28 de setembro, quando as equipes reagiram de forma proporcional e técnica, assegurando a integridade dos agentes e das aeronaves e a continuidade da missão.
De acordo com o Ibama, os confrontos intensos ocorreram durante todo o dia, em várias porções da área, à medida que as equipes de segurança progrediam no terreno para neutralização de estruturas e recolhimento de armas, munições, explosivos, dentre outros materiais ilícitos.
Dois suspeitos, sendo uma mulher e um homem, foram feridos, receberam atendimento de primeiros socorros dos agentes ainda no local e foram removidos por meio de helicópteros do Ibama para atendimento em unidade médica na cidade de Pontes e Lacerda.
Os dois suspeitos estão fora de risco. Nenhum policial ou agente ficou ferido.
Já no dia 29 de setembro, foi consolidado o controle da área, o que ocasionou a fuga da maioria dos garimpeiros e integrantes de facções.
Contudo, a fiscalização prosseguirá no local, com reforço das equipes para localização dos criminosos e de armamentos, e para neutralização de maquinários e equipamentos escondidos na região.
“O objetivo é a desarticulação completa das atividades ilegais e desintrusão da área, garantindo o cessamento dos danos ambientais, preservação ambiental, a proteção dos povos originários e o cumprimento da legislação brasileira”, garantiu o Instituto.
OUTROS DADOS – A Operação Xapiri-Sararé foi deflagrada no dia 1º de agosto.
Em quase dois meses de operação, foram destruídas na região mais de 170 escavadeiras hidráulicas, centenas de motores e estruturas diversas para suporte logístico das atividades ilegais.
Somente no período de três dias (entre 28 e 30 de setembro passado), foram apreendidos e/ou destruídos 42 motores estacionários, três escavadeiras hidráulicas, um quadriciclo, duas caminhonetes, 13 motobombas, 18 motores geradores, três motosserras, e oito motocicletas.
Além dos 14 depósitos subterrâneos, 101 acampamentos e quatro minas subterrâneas abertas para exploração de ouro de filão foram encontrados ou demolidos por uma equipe da Polícia Federal especializada em explosivos, além de sete armas de fogo e grande quantidade de explosivos (emulsões, nitropenta e espoletas).
Desde 2023, já são mais de 470 escavadeiras neutralizadas na TI.
Esse tipo de maquinário é responsável pelos danos ambientais mais graves, especialmente a destruição de milhares de hectares em áreas de preservação permanente e destruição de rios e córregos.
Com 67 mil hectares e habitada por grupos indígenas da etnia Nambikwara, a TI Sararé está entre as mais afetadas pelo garimpo ilegal no Brasil.
A estimativa é que mais de 2 mil hectares tenham sido devastados pela exploração ilegal de ouro, impulsionada por organizações criminosas armadas que invadiram e têm atuado dentro da área.
Em razão do elevado nível de riscos e complexidade, a Xapiri contou com o emprego de 80 agentes do Ibama e policiais da PF, da Polícia Civil de Mato Grosso (PJC/MT), do Grupo Especial de Segurança de Fronteira (Gefron/MT), Batalhão de Operações Especiais (Bope), o Centro Integrado de Operações Aéreas (CioAer) e da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais da Polícia Civil de Goiás.
Por DiariodeCuiabá.
