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A prática de exercícios depois dos 60 – O exemplo de Dona Gema

CANARANA – A prática de atividades físicas é intrínseca à qualidade de vida. E pra quem já está na terceira idade, a prática não só contribui para a melhora no quadro de saúde, mas também para a auto estima, para espantar o tédio, e ainda, para unir gerações. Afinal, se o tempo não para, o corpo também não deve.

Em Canarana, a empresária Gema Favreto Colling entende bem a importância de estar sempre em movimento. Aos 67 anos, cuidando de sua papelaria, é difícil acompanhar o ritmo dela que, atua em múltiplas funções dentro do próprio comércio. Sempre sorridente, Gema é praticante assídua de aulas pilates, caminhadas e, vez por outra, de pedalar.

Gema Colling e sua neta, Bruna Colling.
Gema Colling e sua neta, Bruna Colling na corrida de rua de Canarana.

“Eu acho que alguma atividade a gente tem que fazer. Acho que isso é o importante. O teu corpo não aceita que tu fique parado. É bom que se faça alguma coisa, pra não ficar acomodado”, diz Gema, que nos últimos dois anos, participou das duas primeiras edições da Corrida de Rua de Canarana. Na última edição, em dezembro de 2019, inclusive, como única competidora em sua categoria.

“Eu intercalava um pouco de corrida, com um pouco de caminhada, mas finalizei todo o percurso”, conta Gema, que diz ter sido uma grande satisfação pessoal de ter concluído os 2,5 km do circuito. A corrida, contudo, devido a um problema de coluna, está dando espaço a outras atividades, como o pilates, que frequenta aulas semanalmente.

gema e mariazinha
Dona Gema ao lado de Mariazinha Borotto na Corrida de rua de Canarana.

Exemplo de geração em geração

Com o exemplo vindo da própria família, a acadêmica de Educação Física Bruna Colling, que é neta de Gema, diz que além de sua avó, também tem no círculo familiar o pai e a mãe que praticam alguma atividade física, que serviu de impulso para que ela, hoje, aos 26 anos, praticasse tênis, cross training, corrida, handebol e pedal.

“Pra começar minha mãe pratica vôlei de areia e me acompanha na maioria das atividades físicas e meu pai joga bola. Sempre foram exemplos desde que nasci. Na escola tive, também, o professor de educação física desde a 3º série (Cláudio Maciel) que com certeza foi um dos incentivos também”, explica Bruna.

Bruna Colling, neta de Gema, participa e incentiva a prática de esportes no município.
Bruna Colling, neta de Gema, participa e incentiva a prática de esportes no município.

Bruna atua hoje dentro da Secretaria de Esportes de Canarana. Esteve envolvida, inclusive, na organização das corridas de rua no município. Ela afirma que, mesmo lazer e trabalho hoje confundindo-se, nos finais de semana “a família sempre se reúne para jogar vôlei de areia. Acaba que um puxa o outro. Nossos momentos de lazer são sempre praticando esporte. E com certeza, minha vó é um incentivo. Quando eu tiver a idade dela quero estar também praticando atividades físicas {…}”, conclui.

Atividade Física na Terceira Idade

“Eu incentivo muito pras pessoas, que às vezes não estão fazendo nada, pra fazerem alguma coisa. Não é só jogar canastra”, diz Gema descontraída, complementando que, para quem já está ou está chegando à terceira idade, deve participar de tudo que puder. 

Para o profissional de educação física e personal training, Otto H. Schonholzer, que atua em Canarana, a prática de atividades físicas após os 60 anos está além dos benefícios para a saúde. Ele salienta que auxilia na qualidade de vida, fator importante para quem quer desacelerar após anos de trabalho. 

“Fortalece o sistema muscular, diminui o risco de lesões por queda (porque o corpo fica mais forte, mais rígido e responde melhor as atividades), dá a possibilidade de se movimentar com mais facilidade, fazer as tarefas cotidianas sem precisar de ajuda, além que contribui muito para diminuir aquela questão de dor (dor nas costas, nos joelhos, dor no pé, etc). Além, também, de diminuir os níveis de stresse e ansiedade e melhorar o sono e a mobilidade”, explica o personal.

Otto Schonholzer saúde
O Personal Training Otto H. Schonholzer.

Otto aproveita para orientar quem quer começar uma atividade e se tornar mais ativo, mesmo após anos sem praticar. “Todos esses exercícios, todas estas atividades devem ser prescritas por um profissional médico, levando em consideração o quadro atual do idoso”, diz.

“Então, se idoso tem qualquer tipo de problema ortopédico, por exemplo, uma artrite, uma artrose, seria mais interessante ele iniciar com atividades que não tem impacto (por exemplo, a natação, a hidroginástica). Se ele não tem problema ortopédico, mas tem um problema postural, seria mais interessante iniciar talvez uma musculação, pois fortaleceria toda a cadeia de músculos superiores e ajudaria na melhora da postura”, salienta Otto.

Na dúvida, como o educador físico explicou ao OPioneiro, o recomendado é iniciar com uma caminhada leve. “Entre 15 e 20 minutos por dia, de preferência começando por um ritmo baixo e, aos poucos, no decorrer das semanas e meses, ir aumentando a velocidade, as passadas, e ir aumentando o tempo total de atividade. Assim, haverá um cronograma evolutivo seguro. Lembrando que, sempre que a pessoa sentir qualquer desconforto, é interessante que ela pare imediatamente a atividade”.

Atividade em tempo de Pandemia

O momento pandêmico pede atenção. O isolamento social proposto fez com que a prática de exercícios dentro de casa se tornasse um hábito. Para outras gerações e mesmo para quem já pratica atividade, muitos cuidados são necessários para manter as medidas protetivas.

 

Para os idosos, é durante essa fase de quarentena (por estarem no grupo de risco) que eles devem investir em atividades prazerosas, e que movimentam o corpo. Ficar sem contato externo causa fadiga e praticar exercícios é recomendado, inclusive, pela Organização Mundial da Saúde.

Por mais que o cansaço ou o medo de contaminação faça força negativa contra a atividade física, tomando os devidos cuidados e com o isolamento, é possível se exercitar em casa. É o que alerta Gema Colling, dizendo que não há desculpa pra ficar parado, mesmo em casa: “É aquela história, quanto menos você faz, menos você faria. Isso é uma realidade”.

Ou ainda, como alerta o personal Otto Schonholzer: “Eu afirmo que é impossível alguém começar a fazer atividade física e se sentir pior do que quando começou. Independente da idade ou quando for. Tire um tempinho e cuide da saúde”, finaliza. 

Por lavousier Machry, com a colaboração de Rafael Govari.

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