CUIABÁ – Dados apresentados pelo Monitor da Violência, projeto criado numa parceria do G1, do Núcleo de Estudos da Violência da USP e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostra que nos últimos cinco anos, o número de assassinatos em Mato Grosso permanece abaixo de 1.000.
Desde 2011, quando o Monitor da Violência foi criado, até 2017, o Mato Grosso sempre registrou mais de 1.000 assassinatos por ano, chegando a 1.402 em 2014. Caiu abaixo de 1.000 em 2018, com 978 assassinatos e, desde então, os números vinham em queda. Em 2019 caiu para 871, em 2020 para 842 e, em 2021, para 776 homicídios, o menor da série histórica.
Em 2022, depois de quatro anos de queda, apesar de continuar abaixo de 1.000, o número de mortes violentas voltou a subir em Mato Grosso, para 963 assassinatos.
Como avaliação, geralmente se usa o número de homicídios a cada 100 mil habitantes para verificar a violência em cada estado. Nessa métrica, Mato Grosso registrou 27 homicídios a cada 100 mil habitantes em 2022, o que coloca o Estado entre os 10 com maior índice de mortes violentas do Brasil.
Porém, esse índice já foi bem maior em Mato Grosso. Conforme dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), no ano de 2000, o Estado registrou um índice de 40,92 homicídios a cada 100 mil habitantes.
O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, que está fazendo pesados investimentos em segurança pública, também vem há tempos criticando a lei brasileira e cobrando o Congresso Nacional por mudanças. Segundo ele, nossa legislação é muito branda, principalmente com crimes envolvendo o tráfico de drogas, talvez a maior causa de homicídios no Brasil, devido a guerra das facções que atuam no tráfico. E, em Mato Grosso, o problema se agrava por ter uma grande divisa com a Bolívia, um dos maiores produtores de coca do mundo.
“As nossas forças de segurança estão cansadas de prender e um dia depois soltar. Ano passado foi preso aqui alguém, provavelmente de facção, com mais de 300 kg de maconha e no outro dia ele estava solto. Como se combate o tráfico de drogas com uma situação dessas? Situação só vai mudar quando o Congresso Nacional tomar vergonha na cara e fazer leis mais rigorosas”, disse Mauro Mendes no início de janeiro.
No Brasil, o índice ficou em 19,10 no ano de 2022, o menor da série histórica, com 40.804 assassinatos registrados no ano passado. Apesar de registrar um dos maiores números de homicídios, com 3.316, mas por ter a maior população do Brasil, São Paulo ficou com o menor índice de homicídios a cada 100 mil habitantes em 2022, com 7,10.
Por Rafael Govari para OPioneiro.