Ninguém tem certeza de onde e como essa história de sogra ser um bicho ruim começou, mas sabe-se que elas já causavam polêmica mesmo séculos antes de Cristo. Segundo a mitologia grega, até mesmo Afrodite, a deusa do amor, já fez as vezes de sogra má.
Enciumada com o amor do filho Éros pela belíssima mortal Psiqué, a deusa faz de tudo para manter os dois separados e, literalmente, mandar a nora para os infernos.
Segundo o psicólogo Arnaldo Nicolela Filho, da Universidade de Franca, o mito da sogra má é resultado de inúmeras experiências através das gerações, que acabaram formando um “arquétipo” (uma imagem pré-concebida de algo) no qual prevalecem os aspectos negativos.
De acordo a antropóloga Eliana Amábile Dancini, da Universidade Estadual Paulista, o mito é cultural e trata-se de “um desdobramento das questões de gênero”, resultado da estrutura patriarcal da família, na qual a figura feminina se atém às responsabilidades domésticas e ao cuidado com marido e filhos pequenos. “[Dentro dessa lógica,] quando a mulher é a sogra, já não tem funções e fica estereotipada como alguém que não tem nada pra fazer a não ser incomodar”, diz ela.
O resultado é que as sogras são obrigadas a conviver com más referências, expressões pejorativas e uma infinidade de piadas, como no nome do doce olho-de-sogra (cujo nome original era olho-de-cobra) e do brinquedo língua-de-sogra (que, além de ser “linguarudo”, provoca um som estridente).
Fonte: SuperInteressante.