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Inspirada em iniciativa de Canarana, Rio Doce terá rede de sementes para restauração

MARIANA – No final do ano de 2015, a barragem do Fundão, localizada no município de Mariana (MG), se rompeu e gerou um compromisso de restaurar a mata nativa em 40.000 hectares e 5.000 nascentes degradadas nos próximos 10 anos na bacia hidrográfica do rio Doce, entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, coberta originalmente por vegetação de Mata Atlântica.

A Fundação Renova iniciou o projeto “Redes de Sementes e Mudas da Bacia do Rio Doce”, que tem a Rede de Sementes do Xingu com um dos parceiros.
Coletora Marinete Marques Ferreira da aldeia Caieiras Velha, em Aracruz – ES; Foto – Luciano Langmantel Eichholz.

Para possibilitar essa escala de restauração florestal na região se faz necessário estruturar a cadeia de produção de sementes e mudas em quantidade e qualidade que o mercado e a ecologia demandam.

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Então em 2019, a Fundação Renova iniciou o projeto “Redes de Sementes e Mudas da Bacia do Rio Doce”, uma iniciativa coordenada pelo Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan), em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a Associação Rede de Sementes do Xingu (ARSX), sediada em Canarana – MT, que tem como meta estruturar, na região da bacia do rio Doce, uma plataforma de comercialização de sementes que gera renda para agricultores familiares e comunidades tradicionais, desenvolvendo assim três importantes pilares na região: econômico, social e ecológico.

Uma rede de sementes tem sua base em coletores e coletoras, que unidos formam os núcleos coletores que podem ter diferentes organizações sociais, perfis e motivações, que levam em conta o conhecimento e envolvimento das comunidades locais, que incorporam o seu modo de entender ecologia ao processo de produção de sementes e torna possível atender a demanda da restauração ecológica existente no país.

Com o projeto também foi possível, de forma pioneira, trazer a metodologia de semeadura direta para o rol de opções para a restauração das áreas da bacia do rio Doce. Com isso, o projeto forneceu assistência técnica e sementes para a restauração de 100 hectares iniciais, visando entender como a semeadura iria se desenvolver no território.

Para atender essa demanda inicial, foram identificadas comunidades indígenas na região de Aracruz (ES), que já tinham experiência com a atividade de coleta de sementes e, que mobilizadas para ações do projeto, foram responsáveis pela coleta e entrega de 1,5 toneladas de sementes. Foi possível ainda acionar outras redes de sementes para complementar o total de 5,5 toneladas de sementes disponibilizadas no primeiro ano do projeto.

Parte dessas sementes foram introduzidas em sistemas agroflorestais pelo centro do MST, parte foi doada aos viveiros parceiros do projeto e a maior parte foi utilizada para restauração florestal via semeadura direta, com “muvuca de sementes” – mix de sementes de várias espécies nativas junto com plantas cultivadas como adubação verde.

Atualmente, o projeto está dando continuidade à diversas atividades de forma remota, inclusive a mobilização de novos grupos previamente selecionados, como o da Comunidade Quilombola de Degredo, em Linhares (ES).

Por RSX com Redação OP.

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