CUIABÁ – O governador Mauro Mendes (União Brasil) afirmou, na quinta-feira (27), que as facções criminosas viraram “franquia” ao comentar o avanço do crime organizado. Segundo ele, Mato Grosso segue um padrão nacional do sistema que tem se espalhado por diversas regiões do país.

“O governo tem feito ações sistemáticas contra o crime organizado, respeitando o limite da legislação. Mas é muito difícil combater esse instrumento das facções criminosas que virou franquia, que tem um modelo de negócio instituído, que está esparramado no Brasil inteiro, no Mato Grosso inteiro”, afirmou após a apresentação do balanço do Programa Tolerância Zero contra as facções criminosas.
As falas do governador acontecem no momento em que dados nacionais mostram a capilaridade das organizações em território mato-grossense. Conforme noticiou o Gazeta Digital, 65% dos municípios do estado apresentam a presença de ao menos uma facção criminosa. Dos 142 municípios, 92 convivem com essas organizações, segundo o estudo “Cartografias da Violência na Amazônia”, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Na quarta, o gestor chegou a gerar polêmica ao afirmar “não ser crime pertencer à facção”. Já na quinta, ele ponderou que o cenário local é diferente de outras regiões em que grupos criminosos controlam territórios. “Aqui não tem nenhum bairro que eles dominam como dominam em alguns estados. Eles estão presentes, e alguns deles com atividades cinzas. Vender gás no bairro não é ilegal, vender internet no bairro não é ilegal”, disse, ao citar estratégias usadas para infiltração em comunidades.
O governador ainda questionou como índices de violência vêm sendo interpretados. Ele afirmou que recortes isolados podem distorcer a leitura da realidade. “Quando a gente olha a estatística, temos que ter cuidado. Se eu olhar pontualmente a estatística que me interessa, eu só vou ver coisa ruim; se eu olhar a estatística que me interessa, eu só vou ver coisa boa. O governo olha a média do Estado. E, na média, mais de 90% dos nossos indicadores melhoraram”, declarou.
Ao fim, o chefe do Executivo também mencionou a influência da proximidade com a Bolívia na escolha das facções por municípios da fronteira, onde o tráfico internacional de drogas fortalece esses grupos. Ele citou ainda campanhas direcionadas aos jovens e alegou que a legislação atual limita a atuação policial. “Muitas vezes fazemos apreensão de criminosos, eles vão para a audiência de custódia e, porque a lei assim o permite, voltam para a rua no dia seguinte e continuam praticando crimes”, afirmou.
Por Allan Mesquita do Gazeta Digital.
