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Psicóloga Josiane Porsch diz que pandemia criou a era do medo de perder o controle

CANARANA – Um furto, um assalto, um acidente, a perda do emprego, a chegada de uma doença. São situações, muitas delas fora do controle das pessoas, que trazem medo antes de acontecerem e o desespero quando acontecem. Em tempos como de uma pandemia, problemas emocionais ficam ainda mais evidentes e fazem as pessoas perderem o controle sobre suas atitudes.

A psicóloga e coach Josiane Porsch, disse em entrevista para o J. O Pioneiro, que a pandemia do COVID-19 nos apresenta situações novas e desafiadoras. “Em meio aos que defendem o isolamento total e aqueles a favor do isolamento parcial, estamos todos, tentando tecer uma opinião fundamentada em teorias científicas e econômicas que nos deem respostas”, disse.

Conforme a psicóloga, as pessoas estão vivendo a era do medo, mas não só o medo da doença em si, mas o medo de ficar sem dinheiro, da morte e, principalmente, medo de perder o controle. “O ‘fique em casa’ nos aproximou destes temores. Podemos adoecer, podemos ter um achatamento dos recursos financeiros, podemos até morrer, porém o medo de perder o controle tem aparecido como uma das principais queixas em atendimentos psicológicos online. Perder o controle sobre a própria vida nunca esteve tão evidente. A rotina transformada, a ausência de pessoas queridas, a incerteza. Este conjunto gera angústias e ansiedade, podendo, se não tratadas, enveredar para o lado da fobia, depressão e outros transtornos mentais”, falou Josiane. 

Por isso, diz a profissional, a capacidade de adaptação nunca foi tão necessária. “Adaptar-se é um exercício de perspectivas com faces positivas e negativas. Precisamos neste momento, nos empenhar para minimizar as faltas e alimentar as alegrias. Sabendo que tudo está ‘dentro na nossa cabeça’. Achar algo positivo nas mudanças e intercorrências da vida, gera tranquilidade e afastamento de pensamentos negativos, tornando a passagem por turbulências mais amenas”, conclui.

Atitude diferente diante de um furto

Na manhã de segunda-feira (06/04), a cabeleireira Keith Rocha foi até seu salão de beleza, localizado na Av. Rio Grande do Sul, em frente à Rodoviária, para iniciar mais uma semana de trabalho. Quando adentrou no estabelecimento, viu todo o ambiente revirado. Ladrões arrombaram a janela e levaram mais de R$ 2,5 mil de produtos de beleza.

O furto em si é mais um entre tantos que acontecem constantemente em Canarana. Mas o que chamou a atenção e serve como um exemplo de atitude diferente frente a um fato ruim para que a vítima não sofra emocionalmente, foi que na manhã do dia seguinte, Keith resolveu gravar um vídeo e postar em sua página no Facebook. “A gente leva um choque quando passa por isso e eu fiquei bem triste durante toda segunda-feira. Mas a noite comecei a refletir que não adiantaria nada ficar daquele jeito, porque só me prejudicaria. E aí comecei a orar pelas pessoas que furtaram meu comércio. Na manhã de terça-feira, fiz um vídeo dizendo que isso não me afetaria e postei. Tudo isso me fez muito bem”, disse Keith em entrevista ao J. O Pioneiro.

Decidir não ficar com medo do que possa acontecer, não se abalar com o que vier a acontecer ou focar no problema, é extremamente importante para não se abalar emocionalmente e, assim, ter forças para continuar a vida. “{…} Hoje tomei a decisão de não deixar isso me abalar emocionalmente. […] Então, isso já faz parte do meu passado e, o meu presente e o meu futuro, é o que eu quero focar agora”, disse Keith, externando no vídeo a decisão emocional, o que vai ajudá-la a focar na solução e não no problema.

Por J. O Pioneiro.