Nada pior do que estar com fome e queimar a boca porque a comida está “pegando fogo”. Você sabia que nossa boca não suporta alimentos ou bebidas acima dos 65 °C? Se passar disso, além da intensa sensação de ardência, as altas temperaturas podem danificar as células e causar inflamação aguda na mucusa bucal.
Para lidar com alimentos muito quentes a maioria de nós decide soprar um pouco antes de comer. Mas isso funciona mesmo? Embora pareça um algo simples, direcionar o ar da boca visando esfriar a comida envolve muita ciência!
Transferência de calor
Sua respiração possui uma temperatura bem próxima à do corpo (37 °C). Por outro lado, a comida quente está em uma temperatura muito mais alta, e isso é um fator muito importante para entender porque ela esfria quando a sopramos: a taxa de transferência de calor tem uma relação direta com a diferença de temperatura.
Ao soprar o alimento entra em cena alguns aspectos da termodinâmica, pois a energia térmica faz com que as moléculas se movam. Essa energia passa de uma molécula para outra, fazendo com que o movimento da primeira diminua e o da segunda aumente. Esse processo de transferência continua até que todas as moléculas do alimento tenham uma temperatura constante, isto é, a mesma energia.
Se você optasse por não soprar sua comida, essa energia seria passada para o recipiente ao redor do alimento, assim como para as moléculas de ar (condução). Isso também faria a comida perder energia ficando mais fria, enquanto o ar, os pratos ou copos ganhariam energia ficando mais quentes.
Essa situação é alterada quando sopramos a comida. Ao fazer isso, a respiração mais fria se move para onde o ar aquecido do alimento costuma estar, em um fenômeno chamado convecção. E isso é o que promove a diferença de energia entre a comida e aquilo que está a sua volta, permitindo que o alimento esfrie mais rapidamente do que de outra maneira.
Resfriamento evaporativo
Já quando sopramos uma bebida ou alimento rico em umidade, a maior parte do efeito de resfriamento se deve ao chamado resfriamento evaporativo. Esse é outro processo pelo qual conseguimos diminuir a temperatura da comida com o ar que sai de nossa boca.
O resfriamento evaporativo tem um comportamento tão eficiente que, muitas vezes, consegue baixar a temperatura da superfície do alimento a níveis inferiores daqueles registrados no ambiente.
Aqui, as coisas acontecem de forma um pouco diferente da transferência de calor por condução e convecção. Basicamente, as moléculas de água das bebidas e alimentos em altas temperaturas contém energia o suficiente para escapar para o ar, fazendo com que a água líquida mude de vapor para água.
Essa mudança de fase absorve energia como consequência, e quando isso acontece a energia do alimento restante diminui, ficando mais frio. Você pode notar essa mesma ocorrência quando sopra o álcool na sua pele.
Em linhas gerais, a evaporação se mostra mais eficaz para retirar o calor da comida que o processo de condução e convecção. Como apontamos, ela pode deixar o alimento abaixo da temperatura ambiente, dessa forma, é possível obter diferenças de temperatura mais significativas entre a superfície e o interior da comida, sendo que isso acelera o resfriamento tanto da superfície quanto do centro.
Tamanho e densidade do alimento
Seja qual for o processo de resfriamento da comida, vale lembrar que tudo depende da densidade do alimento e de seu tamanho. Por exemplo, se você estiver soprando uma colher de sopa quente, é possível esfriá-la rapidamente o suficiente para não queimar a boca.
Por outro lado, ao tentar esfriar um peru inteiro que acabou de sair do forno, é mais provável que você desmaie de exaustão antes de conseguir resfriá-lo por completo.
Fonte: MegaCurioso.
