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EDITORIAL – ”Acuse-os do que você faz, chame-os do que você é”

Pela segunda vez em menos de um mês, um outdoor particular em Canarana – MT com a mensagem: “Cada um vota de acordo com seu caráter; Eu não voto em ladrão”, foi vandalizado e danificado. E mais uma vez, olhos atônitos olham para esse fenômeno de depredação que, em meio ao caminho para as eleições 2022, se mostra cada vez mais presente no nosso cotidiano: a incongruência de um discurso perante as ações.

É evidente que, o ato de destruição do outdoor possa ser apenas um vandalismo por sí só, como comumente vimos ocorrer em praças, em que destruir patrimônio alheio ou comum pode ser encarado como um ato de rebeldia e clamor por atenção por parte de “marginais”. Se assim fosse, esse editorial seria palco para outra discussão, que não a que se propõem.

O que se discute é, todavia, a reincidência desse vandalismo em nosso município e que, sendo esses atos depredativos facilmente identificados também em outras cidades e Estados do Brasil, o que denota é que, de fato, não se trata de um caso isolado, mas de um inconformismo com a mensagem declarada nos cartazes e que sim, ela incomoda o vândalo.

O outdoor em Canarana, o atual depredado e o antigo, foi custeado por pessoas físicas, sendo de caráter particular. A depredação, somente o ato, já classificaria crime, conforme artigo 163 do Código Penal, que prevê pena de prisão de um a seis meses para quem “destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia”. Contudo, o delito mais grave, sem querer, é claro, entrar em uma questão de esfera jurídica, pode-se ser interpretado como a intolerância à divergência de opinião, à liberdade de expressão e, porque não, à própria Democracia em sí, com ‘D’ maiúsculo mesmo, pra fazer reverência.

Os discursos inflamados e depreciativos que nos acostumamos a ouvir e ler por parte dos mesmos que destroem outdoors pátria afora, inclusive, apontam, para a falta dessa reverência. Pois democracia é diálogo e, sobretudo, respeito à vontade da maioria, que, só pra lembrar, elegeu os atuais governantes.

Os discursos de alguns contrários ao outdoor acusam defensores da mensagem propagada de serem fascistas. E o Fascismo é uma ideologia política ultranacionalista e autoritária, caracterizada por poder ditatorial e repressão da oposição por via da força. Ora essa, não seria a destruição desse outdoor uma repreensão de uma pensamento contrário por via da força? Essa é a incongruência de um discurso perante as ações, que nos referimos no início.

Lembramo-nos, por fim, da frase: ”Acuse-os do que você faz, chame-os do que você é”, que é creditada a Vladimir Ilyich Ulianov (Lenin), líder revolucionário russo, notoriamente lembrado por um governo unipartidário, socialista e… autoritário.

OPioneiro.

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