CUIABÁ – Na segunda-feira (16), a segunda atualização do boletim diário sobre a proliferação do coronavírus pelo Brasil, divulgado pelo Ministério da Saúde, apontava que 200 pessoas estavam infectadas no país e outras 1.917 tinham casos sob suspeita.
Ao mesmo tempo, a Secretaria de Saúde de Mato Grosso (SES) informava à reportagem do LIVRE que 11.127 casos de dengue já haviam sido notificados no Estado só nos primeiros dois meses do ano.
Neste mesmo período, apenas em Sinop a dengue já havia vitimado quase a mesma quantidade de pessoas que têm suspeita de terem contraído o coronavírus no país inteiro.
O município notificou 1.744 casos da doença transmitida pelo mosquito aedes aegypti e quatro pessoas já haviam morrido: duas mortes por dengue hemorrágica foram confirmadas, outras duas estavam sob investigação.
Mas se os números são tão superiores, por que o coronavírus preocupa mais?
Para o secretário de Saúde de Sinop, o médico Kristian Barros, é algo que não faz sentido.
“Nós temos que tomar muito cuidado, sim, com o coronavírus, mas o que nós temos aqui no Estado e no município é dengue. E a dengue mata muito mais que o coronavírus”.
Taxa de mortalidade
Desde o surgimento da nova doença, na China, a taxa de mortalidade das pessoas que contraem o coronavírus é de aproximadamente 3%. E a baixa letalidade da doença seria o problema para especialistas.
É que, como o paciente não fica debilitado rapidamente, a chance de ele continuar trabalhando e frequentando locais públicos – e, consequentemente, disseminando o coronavírus – seria maior.
Para o secretário de Sinop, essa forma de transmissão, de pessoa para pessoa, é o que tem deixado a população em estado de alerta. Ele destaca, entretanto, que – embora seja necessária a picada de um mosquito – a dengue também pode ser transmitida de maneira semelhante.
“Se você tem uma fêmea de mosquito que não está infectada, mas pica uma pessoa que tem dengue, ela se infecta. E quando ela picar outra pessoa, saudável, vai passar a doença”, ele explica.
O colapso da saúde pública?
Do ponto de vista das políticas de saúde pública, Kristian Barros afirma que um surto de dengue tem tanto potencial quanto o de coronavírus de colapsar o setor.
Os sintomas das duas doenças são semelhantes: febre e problemas respiratórios parecidos com os causados por uma gripe comum.
No caso do coronavírus, pacientes idosos ou que já têm outras doenças, como a diabetes – e que compõem o grupo de risco – podem ver a doença evoluir para um quadro mais grave, que demanda internação e, em algumas situações, até um leito na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
E a falta desses leitos é que tornariam a situação crítica, já que afetaria também pessoas que não estão infectadas, mas precisam do tratamento intensivo por outras enfermidades.
O secretário de Saúde Sinop lembra, entretanto, que a dengue também pode evoluir para casos gravíssimos. Uma das principais complicações da doença – e que pode causar a morte – é a queda na quantidade de plaquetas no sangue.
“As plaquetas são o elemento que fazem o sangue coagular. Quando há um número muito baixo delas, a pessoa sangra. Sangra sem ter cortes. É a dengue hemorrágica, que leva a morte”.
Para ter dengue hemorrágica basta ser picado pelo mosquito. Kristian Barros lembra que não existem grupos de risco e pacientes nesse estágio também precisam de UTI.
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Por Laura Nabuco – O Livre; Foto – Arquivo JOP.