Quem ouve a palavra hoje imagina que “quilate” tenha alguma relação com “quilograma”. Afinal, pode servir como uma medida do sistema métrico: 200 miligramas de alguma pedra preciosa, como diamantes. Mas isso muda quando falamos em ouro.
Aí um quilate significa uma proporção. De 1/24, quantas partes de ouro estão misturadas a outros metais. Ouro 24 quilates significa 100% puro; 12 quilates, metade ouro, metade outro metal. A bagunça veio da origem bem pouco científica do termo.
A palavra deriva do grão de alfarroba — para quem não conhece, é um tipo de vagem nascido em árvores, cujo feijãozinho pode ser usado como substituto para o chocolate. Seu nome é qirat em árabe — a medida foi importada através de comerciantes islâmicos.
Mas o termo em árabe também é importado, do grego kerátion — “chifrinho”, uma referência ao formato da vagem de alfarroba. Gregos antigos usavam os grãos da planta como uma medida minúscula, equivalente a um terço de óbolo (que tinha 0,72 grama). Um quilate equivalia a 0,12 grama, menos que o 0,2 atual.
Ainda que o grãozinho batizasse a medida, historiadores acham improvável que fosse usado diretamente numa balança. Os grãos de alfarroba são tão irregulares quanto os da maioria das outras plantas, o que seria prejuízo certo para alguém comprando ou vendendo ouro. O mais provável é que fossem feitos pesinhos com esse nome.
A bagunça com o ouro vem de outro uso do quilate. Em Roma, 1 quilate era equivalente a 1/24 do peso de 1 solidus, valiosa moeda de 4,5 gramas de puro ouro — o que dava 187 miligramas. A partir desse uso, o quilate mudou de medida de peso para proporção quando falamos em ouro.
Como no caso de todas as medidas pré-científicas, cada país tinha seu próprio valor para o quilate. Até que, na Conferência Geral de Pesos e Medidas, em Paris, 1907, foi adotado o valor atual, compatível com o sistema métrico.
Fonte: Aventuras na História.