POCONÉ – O governador Mauro Mendes assinou na segunda-feira (25), em Porto Jofre, no município de Poconé, um termo de parceria com a produtoras Duo e Bonne Pioche, que realizam o documentário Duas Irmãs – A Marcha das Onças-pintadas. O Governo de Mato Grosso vai aportar R$ 3,5 milhões no projeto, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec).
Produzido e filmado por Lawrence Wahba e Mike Bueno, o filme tem a contribuição do cineasta Emmanuel Priol, responsável pelo roteiro e supervisão editorial do material. Ele é vencedor de um Oscar de Melhor Documentário, a Marcha dos Pinguins, em 2006, e busca mais uma estatueta com o documentário que conta a história das onças Jaju e Âmbar. O documentário deve ser concluído em 2024.
Durante as filmagens, o governador teve a oportunidade de avistar a onça Marcela, que nadou e caçou um jacaré, que serviu de alimento para ela e a família. Cada onça do Pantanal é conhecida por suas rosetas (pintas), com padrão único, como as impressões digitais.
Mauro destacou ainda que os investimentos em turismo serão um marco nesta segunda gestão no Governo do Estado, para ser uma opção econômica ao agronegócio, atual carro-chefe do PIB estadual. Ele ainda afirmou que pretende usar a riqueza do agro para construir um turismo fortalecido, como os árabes fizeram com Dubai, criando um centro de turismo com a força dos recursos do petróleo.
“Estamos investindo no Parque Novo Mato Grosso; em Bom Jardim; licitando obras nas orlas de Barão, Santo Antônio e píer do Rio Mutum, e vamos asfaltar um aeroporto em Porto Jofre para facilitar a vinda de turistas brasileiros e internacionais, também estamos recuperando a Transpantaneira e vamos acabar com as pontes de madeira. O turismo, sem dúvida, é a maior fonte de perspectiva, de alternativa econômica ao agronegócio”, disse.
O cineasta Emmanuel Priol está no Pantanal pela segunda vez e contou que ao ser procurado por Lawrence Wahba e Mike Bueno para entrar no projeto, se interessou para poder compartilhar com a audiência a beleza da natureza a onças-pintadas do Pantanal.
“Na minha companhia, trabalhamos com documentários, filmes, ficção, música e séries. Há muitas séries diferentes. Neste documentário queremos contar a melhor história possível, como uma história da natureza, para as pessoas construírem uma ligação com a natureza, com as onças e a natureza”, explicou.
Ele pontuou ainda que esta é uma oportunidade para que o Brasil e a França possam concorrer a um Oscar juntos. “É o que nós esperamos, vamos tentar”, comentou.
O documentarista Lawrence Wahba disse que esta é a 39ª vez que está no Pantanal e destacou que o Estado de Mato Grosso preserva o Pantanal, elogiando as ações da Secretaria de Estado de Meio Ambiente.
“A onça é um animal sagrado, não do ponto de vista esotérico, mas pelo ponto de vista científico. Para a onça sobreviver no topo da cadeia alimentar, todos os elos devem estar saudáveis. O rio precisa estar limpo para ter peixe, para ter jacaré e ela comer o jacaré. A vegetação precisa estar saudável para ter capivara e a onça comer a capivara. A onça é um indicador ambiental, só tem onça onde a natureza é equilibrada. Posso afirmar que estamos na parte do Pantanal mais preservado do mundo”, afirmou.
Ideia do filme nasceu em 2020
Um dos produtores do documentário, Mike Bueno, contou que a ideia de fazer o filme surgiu quando eles perceberam a oportunidade de não só documentar onças, mas uma família de onças. As filmagens já estão em andamento há três anos e foram cerca de 20 viagens até a Porto Jofre, neste período. Com poucos turistas devido a pandemia, eles conseguiram muitas imagens das irmãs onças.
“Documentamos essas famílias com muita tranquilidade, muitas vezes ficando cinco horas, mostrando essas famílias brincando, cenas de carinho, cenas delas caçando, brigando com a sucuri. A ideia de chamar o Emannuel Priol veio por ser ele um expert e como na Marcha dos Pinguins, criar um filme de emoção como se fosse uma fábula um filme que conta a história de uma família e toda dificuldade que essa família tem para poder sobreviver para criar os filhos, ter cenas de amor, de carinho os desafios para as onças”, relatou.
Nesta segunda fase, são previstas cerca de 12 expedições ao Pantanal com períodos mais longos de até 15 dias com uma equipe bem maior de brasileiros e franceses, e com um sistema de estabilização das câmeras muito sofisticado garantindo mais qualidade das imagens. A Canon é uma das patrocinadoras do documentário e investiu cerca de R$ 400 mil em apenas uma das lentes utilizadas nas filmagens.
“Vem muito de encontro com o nosso Estado, porque mostra essa família de onças e o ambiente que elas vivem. Se a onça vive bem no seu ambiente, e se tudo funciona para aqueles no topo da cadeia, é porque o ambiente está saudável. Vamos mostrar que o nosso Pantanal é preservado e cuidamos do que temos. Além de ser um estado que produz muito, a gente cuida bem do ecossistema e vamos mostrar isso ao mundo e vamos conseguir proteger o Pantanal no futuro”, asseverou.
Para o secretário adjunto de Turismo, Felipe Wellaton, quando o documentário for exibido nas plataformas de streaming, haverá um ganho para o turismo no Pantanal de Mato Grosso, pois é no distrito de Porto Jofre, em Poconé, no Parque Estadual Encontro das Águas é onde as “onças bebem água”.
“Vai colocar o Parque Estadual Encontro das Águas no mapa do turismo mundial. Já é um destino do planeta, a maior concentração de onças-pintadas do mundo e vamos poder mostrar isso para novos mercados. O Governo tem trabalhado muito forte para concessão de créditos para termos mais pousadas, mais CNPJs, mais serviços e mais recursos para essa região. O turismo é uma opção ao agronegócio e vamos desenvolver essa cadeia e não traz só preservação, mais dinheiro no bolso do cidadão e desenvolve cidades”, informou.
Também participaram do evento a secretária de Estado de Comunicação, Laice Souza, o juiz da 1ª Vara do Meio Ambiente, Rodrigo Curvo, e os deputados estaduais Max Russi, Diego Guimarães e Reck Junior.