CANARANA – Canarana foi palco de um milagre e de uma tragédia envolvendo crianças em pouco menos de três anos. Nessa matéria, OPioneiro relembra a história da indiazinha que sobreviveu depois de ficar enterrada por cerca de sete horas, após o seu nascimento. E reconta a tragédia de um pai que atirou e matou seus dois filhos, também em Canarana.
O milagre
No dia 05 de junho de 2018, uma bebê indígena recém-nascida, foi enterrada viva ao lado da casa da família na cidade de Canarana. A investigação apontou que ela ficou em torno de 7 horas embaixo da terra antes de uma denúncia anônima levar os policiais até o local e, milagrosamente, resgatarem a bebê com vida.
A indiazinha ficou mais de 30 dias hospitalizada lutando pela vida, a maioria do tempo em uma UTI em Cuiabá. Passou por cirurgias e teve uma recuperação fantástica. Depois da alta, passou um tempo na Casa da Criança de Canarana, enquanto a Justiça decidia sua guarda. Um ano depois, a guarda foi concedida para o pai.
As investigações apontaram que a bisavó não aceitava a criança pelo fato dela ser filha de mãe solteira e o pai ser de outra etnia. Os pais pertenciam a etnias diferentes que habitam o Xingu. Enterrar bebês recém-nascidos ainda faz parte da tradição de algumas etnias indígenas, mas a grande maioria dos próprios índios já condena essa prática.
A cova teria sido aberta antes da mãe, então com 15 anos, entrar em trabalho de parto. Na época, a bisavó alegou que a criança já tinha nascida morta. Nesse ano, a Justiça de Canarana decidiu que a bisavó irá a júri popular.
O milagre foi notícia internacional, chocando muitos, inclusive aqueles que apoiam a prática do aborto, uma morte silenciosa e sem o alarde da mídia.
A história da indiazinha foi um dos maiores milagres já registrados em Canarana.
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A Tragédia
Se Canarana foi palco de um milagre, também foi de uma tragédia envolvendo crianças. No dia 02 de março deste ano (2020), um pai, com 27 anos, atirou na cabeça de seus dois filhos, uma menina de cinco anos e um menino de três anos. Depois se matou.
Conforme a polícia apurou, o pai não aceitava o fim do relacionamento com a mãe das crianças, que no dia do crime estava em Água Boa. As crianças estavam na casa da avó em Canarana e o pai foi buscá-las para passar a noite com ele, quando cometeu o crime utilizando um revólver calibre 38.
O Dr. Deuel Paixão de Santana, delegado de Canarana, disse que o pai tinha um histórico de agressões e a mãe já tinha registrado vários boletins de ocorrência, até se separar e ir morar em Água Boa, recebendo medida protetiva. Em fevereiro de 2020 ele foi preso em flagrante depois de manter sua ex-exposa, os filhos e outros familiares em cárcere privado, quando ela estava passeando em Canarana.
Saiu da cadeia dizendo que iria se vingar. Conforme o delegado, não havia nenhuma medida que o impedia de ficar com os filhos e ninguém acreditava que pudesse fazer algo contra eles. Antes de atirar nos filhos, mandou mensagens e fotos da arma para a ex-esposa.
As duas crianças foram socorridas e levadas, ainda agonizando, até o Hospital Municipal de Canarana. A garotinha morreu logo após dar entrada na unidade e o menino sobreviveu por pouco mais de um mês, mas não resistiu à gravidade das lesões na cabeça e faleceu no dia 10 de março em Cuiabá.
Foi uma das maiores tragédias da história de Canarana.
Por O Pioneiro.
O jornal pioneiro está de parabéns pelo bom trabalho de comunicação social para boa parte da população da cidade obrigada jornalista Rafael.
Uau