Em sua obra, Freud menciona os conceitos de pulsão de vida e pulsão de morte, proporcionando um novo entendimento sobre o inconsciente, ampliando os estudos sobre o psiquismo humano.
No dia 1º de julho, o site O Pioneiro publicou a matéria “Um milagre e uma tragédia em Canarana”, recontando as histórias da indiazinha enterrada viva e que sobreviveu, e das crianças assassinadas pelo próprio pai, que em seguida suicidou-se. Longe de tentar explicar os motivos de tais atos, farei uma leitura breve sob o olhar da teoria psicanalítica, sobre estas duas histórias que marcaram Canarana.
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Mas afinal o que são as pulsões? Segundo o dicionário de Psicanálise, Pulsão significa “processo dinâmico que consiste numa pressão ou força (carga energética, fator de motricidade) que faz o organismo tender para um objetivo”.
As Pulsões seriam assim, uma carga energética, um “impulso” para a ação. A pulsão de vida é a energia que procura estabelecer organizações que ajudem a proteger e preservar a vida, bem como pelas ligações amorosas que estabelecemos com o mundo, com outras pessoas e com nós mesmos.
Já a pulsão de morte pode ser representada pela energia inversa, seria manifestada pela agressividade que poderá estar voltada para si mesmo e para o outro. A pulsão de morte indica a redução por completo das atividades de um ser vivo e pode ser encontrada em diversos aspectos de nossas vidas, isso porque a destruição faz parte de tudo que é ligado à vida e precisa de um fim.
Partindo disto, podemos analisar que na história da indiazinha, a pulsão de vida está presente no organismo vivo desde a sua formação e lhe garantiu o instinto de sobrevivência durante as sete horas em que passou enterrada, bem como em sua luta pela sobrevivência durante todo o seu processo de recuperação. A pulsão de vida presente nela foi a energia vital para sua sobrevivência.
Já na história trágica do assassinato das duas crianças vemos o inverso, a pulsão de morte, que trata da finitude, da erradicação da existência assumiu o controle. Aqui a pulsão de morte manifesta-se na agressividade do pai dirigida ao outro e a ele próprio. Aqui a pulsão de morte se sobrepôs à vida.
As pulsões trabalham sempre em oposição uma à outra, porém num constante equilíbrio, quando uma vence a batalha a ação acontece.
Referência: Vocabulário da Psicanálise: Laplanche e Pontalis, 1994, Martins Fontes.
Psicóloga – Universidade Mackenzie (São Paulo); Pós-Graduada em Psicologia Hospitalar – ICHC-FMUSP; Pós-Graduada em Educação Especial Inclusiva – UNOPAR; Pós-Graduada em Saúde da Família – Escola de Saúde Pública do Estado do MT; Pós-Graduada em Gestão Pública – IFMT.
Coach de Emagrecimento – Profissão Coach Express e Health Coach International Institute.