sexta-feira, 22 novembro, 2024
23.4 C
Canarana
Início Notícias Destaques Mato Grosso é o estado brasileiro com maior crescimento econômico em 2022

Mato Grosso é o estado brasileiro com maior crescimento econômico em 2022

Mato Grosso lidera o ranking dos estados com maior crescimento econômico em 2022. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (11.08) pelo jornal Valor Econômico, um dos veículos de comunicação mais respeitados do país.

A reportagem destaca os recordes das safras de soja e milho, força do mercado de abate de carnes e crescimento dos setores do biodiesel.

O governador Mauro Mendes pontuou que o Estado implementou diversas ações para potencializar esse crescimento. Exemplo disso é a liberação, com celeridade, das licenças de instalação para a construção de novas usinas de biodiesel em Mato Grosso.

Outro ponto vantajoso para a atração de indústrias desse segmento, conforme Mauro Mendes, é que Mato Grosso possui alíquotas menores na venda de etanol para fora do Estado, em comparação a outras unidades da federação. A tributação também diminui conforme o volume de produção, fator que tem incentivado as empresas a escolherem Mato Grosso para instalação das usinas.

Para Mauro Mendes, a liderança de Mato Grosso também foi impulsionada pelo forte volume de obras e ações que o Estado promove em todos os segmentos, com mais de 15% da receita corrente líquida destinada a investimentos, em forma de asfalto novo, pontes, escolas, quadras, novos hospitais, casas populares, entre outras obras.

Estados da região Centro-Oeste devem ter o maior crescimento econômico neste ano, puxados pela agropecuária. Depois da estiagem em 2021, a produção agrícola voltou a acelerar, com previsão de recorde das safras de soja e milho. Estados que dependem de indústria e serviços, como São Paulo, devem ter crescimento moderado, dentro da média nacional, enquanto os do Sul devem ter contração, mostram projeções da Tendências Consultoria.

Segundo o levantamento feito pela consultoria, o Produto Interno Bruto de Mato Grosso deve ter o maior crescimento entre os Estados, com expansão de 5,6% neste ano (ver tabela ao lado), bem acima dos 3,1% de 2021. Mato Grosso do Sul vem em seguida, com crescimento de 4,6%, também acima do crescimento de 2021, de 3,6%.

“Em Mato Grosso, a projeção é explicada por recordes das safras de soja e milho e melhor desempenho para abates de carnes, decorrente da demanda externa por proteína animal. Além disso, a indústria mato-grossense vem mostrando desempenhos expressivos por causa dos setores de alimentos e biodiesel”, afirma Camila Saito, economista do setor de análise setorial da Tendências e uma das autoras do levantamento. “Em Mato Grosso do Sul, também teremos boa evolução da agropecuária. Ainda que a safra da soja tenha sofrido com a estiagem e deva apresentar queda, os fortes desempenhos [da produção] de milho e carnes devem mais que compensar.”

Ela acrescenta que as indústrias de ambos os Estados devem se beneficiar do cenário favorável para a produção de alimentos, celulose e biodiesel.

Tanto Mato Grosso quanto Mato Grosso do Sul são Estados com baixa densidade industrial e grande densidade do agronegócio, o que explica essas projeções, afirma Fabio Silveira, sócio-diretor da MacroSector Consultores. Ele argumenta que, além da atividade do setor primário, lavoura e pecuária fazem indústria e serviços se movimentar nesses Estados. “É o agronegócio no sentindo mais amplo que traciona esses Estados.”

O peso do agrobusiness nas cadeias industriais e de logística desses Estados ultrapassa os 50%, afirma Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados. “O crescimento do agro acaba, portanto, ajudando a economia como um todo”, diz.

Vale argumenta que uma conjuntura favorável de forte alta de preços e taxa de câmbio muito favorável para a exportação deve levar esses Estados a destoar e crescer mais do que a média.

O efeito positivo do agronegócio para o crescimento também beneficia Estados próximos, como Piauí e Maranhão. “Não podemos dizer que se trata de uma nova fronteira, porque isso ocorre há 20 anos, mas esses Estados no entroncamento no Norte e no Nordeste têm produção de grãos forte que ajuda o PIB”, diz Vale.

O Piauí deve ter o terceiro maior crescimento, com expansão de 3,7% neste ano, ante 4,6% no ano anterior. O Maranhão deve expandir 3,1%, contra 4% do ano passado. O Tocantins deverá crescer 2,7%.

Segundo Camila Saito, Maranhão e Piauí foram beneficiados pelos preços internacionais de commodities desde 2020, que estimularam o aumento da área plantada. Também contribuiu de forma indireta a quebra de safra no Sul, que estimulou a produção no Norte de Nordeste.

“Soma-se a isso o aumento da massa de renda com transferências governamentais. A implantação do Auxílio Brasil e o aumento do valor pago devem beneficiar mais os Estados dessas regiões.”

O levantamento feito pela Tendências mostra ainda que partes da região Sul podem ter contração por causa da quebra de safra de grãos, devido à estiagem, e a baixa produção industrial de setores pró-cíclicos, como máquinas e equipamentos, e metalurgia, afirma Lucas Assis, coautor do estudo.

A perspectiva é que Santa Catarina se contraia 0,1%, depois de avançar 6,6% em 2021. O PIB do Rio Grande do Sul, por sua vez, deve cair 1% neste ano, após expansão de 8,6% no ano anterior. No ano passado, o Estado foi um dos destaques positivos devido à forte recuperação agropecuária, após quebra de safra em 2020, e boa evolução da indústria, diz Assis.

Vale afirma que, a depender do fenômeno climático La Niña, é possível que novas safras sejam afetadas e que o PIB de Estados do Sul volte a desapontar.

Para São Paulo, a projeção neste ano é de crescimento de 1,6%, após expansão de 4,4% em 2021. O Rio de Janeiro, por sua vez, deve crescer mais neste ano, com aceleração de 2,1%.

“O crescimento de São Paulo deve ficar ligeiramente abaixo da média nacional (1,7%), devido a um desempenho mais fraco da indústria, especialmente setores como o automotivo e o de bens de capital, que sentem mais os efeitos de pressões de custo de produção e escassez de insumos, decorrente do desbalanço das cadeias globais”, afirma Camila.

O crescimento maior previsto para o Rio se deve ao setor petroleiro, com destaque para as plataformas FPSO Carioca e FPSO Guanabara (cada uma com capacidade para processar 180 mil barris diários), e a expectativa de inauguração da nova unidade Peregrino II (60 mil b/d). O alta do petróleo no mercado internacional indica um futuro próximo promissor,

Para 2023, o cenário é positivo para produtores de soja, milho, algodão, carne, biocombustível e celulose, o que beneficia Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, afirma Camila. No Pará, deve haver recuperação da produção de minério de ferro, com expansão do complexo da Vale, e no Rio Grande do Sul, com a retomada da safra de soja.

Estados do Sudeste, contudo, devem ser mais atingidos no ano que vem. “Câmbio e preço ainda estarão favoráveis para Estados agroprodutores, em detrimento de outros que sofrerão com os juros acelerando”, afirma Vale.

Da Redação.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.