A história de Anacleto Brunetta, associado ao núcleo Araguaia-Xingu da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT), é marcada por coragem, determinação e amor pela terra. Nascido na década de 50 no município de Erval Velho, em Santa Catarina, começou cedo a se envolver com a agricultura. Ainda jovem, nos anos 70 começou a produzir em regime familiar e, mais tarde, no Paraná, aprimorou seu conhecimento ao trabalhar dois anos como tratorista para um tio e voltar a produzir com os pais por mais um período. Hoje, Anacleto é produtor rural em Porto Alegre do Norte.

O hábito de ler jornais e revistas permitiu que ele ficasse sabendo da expansão e das oportunidades em Mato Grosso. Após permanecer 14 anos em Mamborê, no Paraná, recebeu o convite de conhecer o estado, se encantou com as terras da região e decidiu adquirir um pedaço de terra no município de Santo Antônio do Leste/MT. “Fui convidado pelo Eloi Brunetta para conhecer o estado e quando olhei aquele chapadão, falei: ‘não vou embora daqui sem comprar um pedaço de terra’”, ressalta.
Determinado, pediu autorização a seu pai para comprar um pedaço de terra, dando início a uma jornada repleta de desafios. As dificuldades eram muitas, entre elas, estradas precárias, comunicação limitada e a incerteza de plantar soja em uma região ainda inexplorada. Mas, com resiliência e trabalho árduo, ele prosperou.
Os primeiros anos foram duros. A falta de experiência e os desafios da região colocaram à prova a fé em colher bons resultados, mas Anacleto nunca pensou em desistir. Ao lado dos irmãos, construiu uma base sólida, enfrentando dificuldades e celebrando cada pequena vitória. Com o tempo, a sociedade com os irmãos foi chegando ao fim e ele seguiu ao lado de um único irmão, até que seus filhos demonstraram interesse em assumir o trabalho no campo.
Em 2003, após uma viagem para avaliar novas terras, ele encontrou na região do Norte Araguaia, a fazenda que se tornaria o grande símbolo de seu legado. “Vimos que o perfil do solo era bom, passamos por essa fazenda aqui também, onde eu me apaixonei por ela. Mas o tempo passou e somente em 2011 nós vendemos lá para comprar nessa região aqui. O corretor veio mostrar e mostrou justamente essa fazenda que eu gostava muito”, lembra. Nesta ocasião, veio toda a família, a esposa Adélia e seus quatro filhos, Reginaldo, Edineia, Edinaldo e Andréia.
Naquele ano, decidiu que era hora de os filhos assumirem seu legado. “Pensei que, já que eu não tinha tido oportunidade de estudar e eles estudaram, achei que eles iam fazer melhor. E graças a Deus, estou muito satisfeito, estão fazendo melhor que eu. É uma satisfação muito grande ter os filhos tocando um negócio que eu sempre gostei de fazer”, conta.
“O Reginaldo, desde o colégio agrícola, sempre quando vinha para casa, no sábado e domingo, estava fazendo pesquisa. Ele me convidava e me cativou para isso, dizia ‘vamos fazer isso, vamos fazer aquilo’, e eu concordava, dava suporte para ele. Ele me disponibilizou uma confiança muito forte, muito grande, para eu poder confiar na vontade dele para progredir”, acrescenta.
Hoje, aos 73 anos, ao observar seus filhos tocando o negócio com a mesma paixão que sempre teve, Anacleto sente que tudo valeu a pena. “Não há nada mais gratificante do que ver meus filhos amando a lavoura tanto quanto eu. Sei que, com essa paixão, eles passarão esse legado para os netos também”, ressalta. E, se pudesse deixar um conselho para eles, diria o que aprendeu ao longo da vida: “Lutar sempre, desistir nunca. E acima de tudo, manter a honra do nome. Se não tiver nome, não se conduz uma empresa”, repete como lhe ensinou seu pai.
Quando olha para trás, vê que, apesar das dificuldades enfrentadas devido à infraestrutura precária e a falta de experiência nos solos da região, foi a melhor decisão que tomou. Para ele, a agricultura não é apenas um meio de vida, é a base do Brasil, fonte de alimento, desenvolvimento, e também, sua história, propósito e legado. E agora, esse legado continua.
Por Vitória Kehl Araujo | Aprosoja MT.