Projeto Xingu Olímpico pretende levar esporte profissional a povos indígenas

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Foto – Arquivo JOP.

BRASÍLIA – O Parque Indígena do Xingu, localizado ao norte de Mato Grosso, tem tudo para ser um dos primeiros espaços a receber o projeto que pretende incentivar a prática profissional de esportes tradicionalmente indígenas. Com o apoio da Universidade Federal e do Governo de Mato Grosso (UFMT), as Confederações Brasileiras de Canoagem, Tiro com Arco e Wrestling levaram a ideia à Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania.

O secretário adjunto da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel), Jefferson Carvalho Neves, participou da reunião para confirmar o interesse de Mato Grosso em contribuir com o projeto.

“Participamos do encontro porque a iniciativa é muito interessante por valorizar as vocações e habilidades esportivas dos indígenas. Com esse projeto, vai ser possível disponibilizar equipamentos e treinadores para desenvolver profissionalmente esse talento natural. O Parque do Xingu é só um exemplo, outras comunidades de Mato Grosso e de outros estados também poderão integrar a ação”, explica Jefferson. 

A reunião contou ainda com as presenças de Marcos La Porta, vice-presidente do COB; Ione Carvalho, idealizadora do projeto representante do Instituto Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan); Carlos Fett, representante da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e do Cacique Álvaro Tukano, da etnia Tukano do Amazonas.

Chamado Xingu Olímpico, o projeto surgiu de um encontro entre Ione Carvalho, do Iphan, e João Tomasini Schwertner, presidente da Confederação Brasileira de Canoagem. Com a ideia amadurecida junto aos demais parceiros, eles propõem a profissionalização dos esportes praticados de forma tradicional nas aldeias também como forma de dar mais visibilidades ao indígena no país.  

“Vamos mostrar aos brasileiros e para o mundo que os indígenas tem capacidade de competir com um não indígena e assim vai despertar o interesse do brasileiro pelas comunidades indígenas que eu digo sempre que são os brasileiros invisíveis, as pessoas não sabem quantos índios temos, etnias e agora ficarão sabendo através do esporte”, diz Ione Carvalho, do Iphan.

Inicialmente, fazem parte da ação as modalidades olímpicas de canoagem, tiro com arco e o wrestling (luta).

A canoagem foi pensada por dispor do mais tradicional meio de transporte das comunidades indígenas, a canoa. Presente nas Olímpiadas desde 1972, o tiro com arco aproveita o conhecimento indígena com o arco e flecha, arma utilizada para caça, rituais e guerra. Já para a luta olímpica, os indígenas têm como referência a luta corporal Huka-huka praticada pelos povos do Xingu, cuja disputa apresenta diversas similaridades com o judô e a luta greco-romana.

Para implementar os polos esportivos será necessário a aquisição de equipamentos utilizados em competições internacionais, treinamento dos atletas para a utilização dos materiais atualizados além da preparação de técnicos indígenas para dar o suporte nos treinamentos. Em uma outra frente haverá formação de árbitros indígenas de nível nacional e internacional.

De acordo com o secretário especial do Esporte, General Décio Brasil, o projeto vai aproximar a comunidade indígena das políticas desenvolvidas na pasta.  

“Trabalharemos para trazer os indígenas para competir juntos com os outros atletas em competições nacionais e, quem sabe, em um breve espaço de tempo, poderemos ter indígenas compondo as equipes nacionais que disputam os grandes eventos esportivos mundiais”, comentou.

Também haverá um trabalho na área científica que será desenvolvido pela UFMT, e que vai virar um projeto de dissertação conforme apontou Carlos Fett, representante do Núcleo de Aptidão Física, Informática, Metabolismo, Esporte e Saúde (Nafimes) da Universidade.