COCALINHO – Dez municípios das regiões centro-sul e nordeste de Mato Grosso concentraram 42% do desmatamento do Cerrado entre agosto de 2020 e julho de 2021. Ao todo, foram desmatados 803 km² durante o período, o que fez com que o Estado ocupasse o 5º lugar entre os que mais destruíram o bioma no período. O município com a maior área de Cerrado desmatada em Mato Grosso foi Cocalinho (780 km de Cuiabá), com 59 km² de novas áreas abertas.
É o que aponta a nota técnica elaborada pelo Instituto Centro de Vida (ICV), feita com base em mapeamentos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Documento também demonstrou que o desmatamento total do bioma chega aos 8,5 mil km², o que equivale a quase seis vezes a cidade de São Paulo.
“A destruição do Cerrado no Estado continua associada a práticas ilegais. Do total mapeado em 2021, apenas 16% foi realizado em áreas com autorizações para desmate ou para supressão de vegetação válidas emitidas pelo órgão ambiental estadual”, diz trecho do documento.
A análise demonstrou que a maior parte do desmatamento, cerca de 580 km² de áreas degradadas, ocorreu em imóveis rurais inscritos no Cadastro Ambiental Rural (CAR), seguido pelos assentamentos, com 101,4 km², e áreas não cadastradas, com 100,1 km².
“Cerca de 70% de toda a área de Cerrado destruída ilegalmente em imóveis rurais cadastrados se concentrou em apenas 300 imóveis, o que representa menos de 1% do total de imóveis no Cerrado mato-grossense”.
TERRITÓRIOS INDÍGENAS
Desmatamento em terras indígenas no Cerrado mato-grossense mais que dobrou durante o período analisado, se comparado ao ano anterior. Enquanto no período anterior, 8 km² foram desmatados, número chegou aos 17 km² atualmente.
Área mais afetada foi a terra indígena Sangradouro/Volta Grande, habitada pelas etnias Bororo e Xavante. Terra está localizada entre os municípios de Poxoréu e General Carneiro.
OUTRO LADO
A reportagem procurou a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT) para saber quais ações estão sendo feitas em relação ao desmatamento do Cerrado, mas até o momento não obteve resposta. O espaço segue aberto.
Por Thaís Fávaro, HNT.