CANARANA – Conhecida no meio do agro como uma cultura que socorreu muitos produtores das dívidas, devido ao baixo custo e bons preços, o que tornou Canarana capital nacional do grão, o gergelim continua sendo plantado com poucas pesquisas, sem maquinário apropriado, uso de defensivos não específicos para a cultura e, principalmente, variedades sem procedência, com baixa germinação e vigor.
A soma desses fatores faz com que um produtor em um ano consiga colher até mais do que mil kg por hectare e, no outro, não alcance 500 kg, tendo o mesmo manejo. Ou, que em uma mesma safra, produtores tenham resultados muito desiguais, diferença que não se vê em culturas como a soja e o milho.
A produção mundial do gergelim dobrou na última década, saindo de 10 para 20 milhões de toneladas. Mesmo assim, os preços para o consumidor final aumentaram, porque a demanda cresceu numa velocidade maior ainda, impulsionado, principalmente, pelas características benéficas do grão à saúde.
Se o preço está bom e tem mercado, o produtor vai continuar plantando, mesmo que seja ‘do jeito que dá’, usando o que se sabe e o que se tem. Com o atraso nas chuvas no atual ciclo na região Centro Oeste, somado aos baixos preços do milho futuro, a área de gergelim em Canarana para 2024 deve mais do que dobrar, saltando de 60 para mais de 120 mil hectares.
Dentro deste cenário é que uma empresa israelense, a Max Sum, está trazendo para o Brasil variedades de gergelim melhoradas durante 14 anos de pesquisas. Nesta semana, o agrônomo Asaf Avneri, esteve em Canarana para firmar uma parceria com a Meta Consultoria, empresa de pesquisa e consultoria, que fará os ensaios para adaptação e validação das variedades no Brasil. Ele estava acompanhado do agrônomo brasileiro Rodrigo Gutierrez.
Conforme Asaf, as variedades trazidas tem algumas características importantes, como mais cápsulas por planta, teor de óleo superior a 55%, sabor mais adocicado, perda menor na colheita e, talvez a principal, tolerantes a herbicidas. “Isso dá algumas vantagens, como maior produtividade, lavouras mais limpas e possibilidade de preços melhores aos produtores”, disse Asaf.
Em Israel, a empresa tem alcançado uma produtividade entre 2.000 a 2.500 kg por hectare. Em ensaios realizados no México, com um clima parecido com a região de Canarana, os resultados foram muito bons. “Nossa expectativa é ter um incremento significativo na produtividade e termos as sementes das novas variedades disponíveis aos produtores para plantio em 2025”, disse Rodrigo Piccinini, sócio proprietário da Meta Consultoria.
Por Rafael Govari para OPioneiro.