A Secretaria Estadual de Saúde (Ses-MT) emitiu alerta epidemiológico sobre o elevado número de casos de tuberculose (TB) em crianças de 0 a 9 anos no período de 2015 a 2020 em 60 municípios, em Mato Grosso. De acordo com a Ses-MT, este fato pode representar o descontrole da doença, pois aonde se identifica crianças doentes, significa que esta foi infectada por um adulto portador da doença sem tratamento.
Série histórica do número de novos casos da TB mostra que, desde 2015, foram 331 ocorrências em meninos e meninas na mesma faixa etária. Em 2020, foram 49 novos registros. A quantidade é menor que em 2019, quando foram contabilizadas 69 novas notificações da doença e, em 2018, 58. O Escritório Regional (ER) da Baixada Cuiabana contabiliza o maior número, com 37 casos no ano passado, seguido do ER de Água Boa (05) e do escritório de Juína (3).
Entre os municípios com maior registro do agravo estão Cuiabá e Várzea Grande, Água Boa, Alta Floresta, Alto Araguaia, Alto Paraguai, Alto Boa Vista, Araputanga, Apiacás, Arenápolis, Barão de Melgaço, Barra do Bugres, Barra do Garças, Cáceres, Carlinda, Campinápolis, Campo Novo do Parecis, Canarana, Castanheira, Cocalinho, Colíder, Comodoro, Confresa e Diamantino.
Também fazem parte da lista as cidades de Feliz Natal, Guarantã do Norte, Peixoto de Azevedo, Pedra Preta, Pontes e Lacerda, Porto Espiridião, Primavera do Leste, querência, rio Cascalheira, Rondonópolis, Santo Antônio do Leste, Santo Antônio de Leverger, São José do Rio Claro, Sapezal, Sinop e Tangará da Serra.
Entre as causas prováveis para esse cenário, a Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica do órgão estadual de Saúde aponta a descontinuidade das ações de rotina, como a busca ativa de casos identificação precoce e exame de sintomático respiratório (SR), realização de baciloscopia de escarro para diagnóstico e de controle da doença durante o tratamento. Aponta ainda a não realização de tratamento diretamente observado (TDO), falta de ações de controle e baixa realização de exames dos contatos para os casos notificados da tuberculose.
Como estratégia de ação para mudar o cenário, a Saúde recomenda a atualização e identificação no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) se efetivamente os contatos foram avaliados; mapeamento das unidades que notificaram os casos para desenvolvimento de busca ativa e a realização de tratamento diretamente observado para todos os casos da doença confirmados.
A tuberculose é definida como uma doença bacteriana, ou seja, causada por uma bactéria, a Mycobacterium tuberculosis, também chamada de bacilo de Koch. Ela afeta tradicionalmente o pulmão, mas pode atingir outros órgãos do corpo humano, a depender de sua gravidade. Muitas pessoas podem servir como incubadoras do bacilo, ainda que nunca apresentem os sintomas. Entre os principais estão tosse forte e frequente por mais de duas semanas; expelimento de catarro; febre; dor no peito; falta de ar e cansaço.
As crianças estão entre as principais vítimas. Elas têm menos defesas, o sistema imune ainda está em construção, então acaba tendo maior prevalência de casos graves, extrapulmonares. Alguns grupos adultos também são considerados mais vulneráveis à doença, como é o caso de indígenas, pessoas privadas de liberdade ou em situação de rua, além de portadores do vírus HIV.
Para ajudar na prevenção, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza, de graça, a vacina BCG (Bacillus Calmette-Guérin), que diminui as formas mais graves da doença, como a meningite tuberculosa. A vacina deve ser dada às crianças recém-nascidas, ou, no máximo, até 4 anos, 11 meses e 29 dias. Seguindo orientações anteriores, a reportagem do DIÁRIO encaminhou e-mail à Ses-MT para obter informações sobre a vacinação e outras medidas prevenção da TB, mas não obteve um retorno até o fechamento desta matéria.
Por Diário de Cuiabá.