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Avião da Praça de Canarana atuou na Segunda Guerra Mundial

Ele é o cartão postal de Canarana – MT. Muito maior que um monumento, o “avião da praça”, como é popularmente conhecido, é uma peça da história. Teve um papel fundamental na colonização do Médio Araguaia, trazendo migrantes gaúchos para o Mato Grosso, mas, antes disso, ele já tinha um longo currículo, com passagens por períodos que marcaram a história do mundo.

Avião em 2020.

O avião, um Douglas DC-3, já ocupa o posto na praça central de Canarana (Praça Sigfreud Roewer) há 40 anos, desde 1981. A história desse icônico monumento, contudo, começa na década de 30, quando a empresa de aviação americana Douglas Aircraft Company começou a fabricar seu novo modelo de avião, um bimotor de metal de asa baixa, que era capaz de carregar até 32 passageiros, decolar de pistas curtas, voar a até 207 km/h com um alcance de 2.400 km. O avião da praça de Canarana, conforme pesquisa realizada pelo ex funcionário da Varig e Lufthansa, Martin Bernsmüller, de Porto Alegre – RS, foi fabricado nessa época, em Oklahoma City, no Estado de Oklahoma, Estados Unidos, com o número de série 12.303 e prefixo 42-92496, tipo C-47A-DK.

Pouco tempo depois, já em 1939, eclode a Segunda Guerra Mundial, o conflito mais mortífero da história humana, que matou mais de 70 milhões de pessoas. Em janeiro de 1944, meses antes do desembarque dos aliados nas praias da Normandia, o avião foi entregue para a USA-AF (United States Air Force – Força Aérea dos Estados Unidos). Dias depois, em 05 de fevereiro de 1944, alterando para o prefixo FZ 697, o avião foi transferido à RAF (Royal Air Force – Real Força Aérea da Grã-Bretanha) para atuar nos esforços de mobilização do país na guerra, ficando baseado em Leicester East, na 107ª Unidade de Treinamento Operacional. Na guerra, os Douglas DC-3 tipo C-47 eram conhecidos como Dakoka. 

Registro de propriedade.

O avião, conforme registro de voo, ainda alterou de bases durante os últimos episódios do conflito e, após a vitória dos aliados, em outubro de 1945 foi transferido para a base de Syerston, onde ficou até ser adquirido pela Canadian Ltd. de Montreal, no Canadá. Após a guerra, o mercado de aviões mundial foi inundado com aviões que foram usados no transporte militar e que, então, estavam disponíveis para o uso civil. Os aviões modelo DC-3 não puderam ser atualizados devido aos custos e foram sendo substituídos por modelos mais avançados, sendo fadados à aposentadoria. 

Mas o avião da praça de Canarana, ainda tinha outros caminhos a voar e em 1946, foi adquirido pela Linhas Aéreas Natal para realizar o transporte de passageiros. Em 1950, a empresa foi absorvida pela Real Transportes Aéreos, e a aeronave foi re-registrada com o prefixo PP-YPU, o mesmo que sustenta até hoje. Por 11 anos realizou o transporte de passageiros, até que em 1961 foi adquirido pela Varig (Viação Aérea Rio-Grandense), que o usou por oito anos, até que o vendeu para a Caraíba Metais S.A. em 1969, que, sete anos depois, o vendeu para Cooperativa de Colonização 31 de Março Ltda – COOPERCOOL, responsável pela criação de municípios como Água Boa e Canarana.

De 1976 a 1980, o avião enfim, deixou para trás seu papel militar e comercial e passou a atuar no seu papel social, transportando centenas de imigrantes que trouxeram na bagagem, o sonho de, no cerrado do centro oeste brasileiro, construir um novo lar. Em 1980 o avião da praça fez seu último vôo: da Fazenda Sagarana, onde estava estacionado, até o Aeroporto Municipal de Canarana, na época, localizado onde hoje é a Avenida São Paulo, até que um ano depois, foi erguido como monumento.

Hoje, pano de fundo para fotos e ponto de referência para muitos, o avião da praça deixou de ser uma agente da história para ser um espectador e, de onde está, presencia o desenvolvimento da região que ajudou a desenvolver.

Por Lavousier Machry, para OPioneiro, com informações de Domingos Finato. Fotos cedidas por Domingos Finato.

1 COMENTÁRIO

  1. Tive o Privilégio de Voar esse avião na década de 70 quando fui funcionário da CONAGRO E DEPOIS COOPERCANA. Fazíamos voos de Barra do Garças para Porto Alegre com escalas em Presidente Prudente, Passo Fundo Porto Alegre. Trazíamos os colonos para comprar terras em Canarana, Garapu e Kuluene. Cmte Dilson Lira.

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