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Missão Xavante atende mais de 10 mil indígenas da região Centro-Oeste

BARRA DO GARÇAS – A terceira e última fase da Missão Xavante chegou ao final na segunda-feira (17), quando a equipe de profissionais de Saúde das Forças Armadas Brasileiras desembarcou na Base Aérea de Brasília (ALA 1). A missão interministerial das Pastas da Defesa e da Saúde levou 24 militares e insumos médicos para reforçar o combate à Covid-19 em comunidades indígenas da região Centro-Oeste do Brasil.

A terceira e última fase da Missão Xavante, chegou ao final na segunda-feira (17), atendendo mais de 10 mil indígenas.

“Tratou-se de uma ação humanitária grandiosa, em que acolhemos e atendemos nossos irmãos de Pátria nesse momento de pandemia. Servir a eles é servir à Pátria! Eu, como médica infectologista, procurei incentivar a prevenção, tratando, quando necessário, a infecção pelo novo coronavírus e as demais doenças infecto-parasitárias”, disse a Tenente Maria Letícia, do Hospital Militar de Área de São Paulo (HMASP), ao desembarcar de sua segunda missão de ajuda à população indígena no contexto da COVID-19.

Durante uma semana de trabalho intenso, mais de 2.000 indígenas das etnias Xavante e Bororo receberam atendimento de saúde especializado e 6.873 medicamentos foram entregues. Para a Capitão Camila Vital Cardoso, pediatra do Hospital Militar de Área de Brasília, foi uma experiência única e gratificante. Segundo ela, além de esbarrar em questões como a língua e as tradições de cada etnia, os casos encontrados foram bem peculiares e, geralmente, não vistos na prática clínica dos grandes centros. “As patologias variam de desnutrição grave até doenças tropicais. Covid não é o único problema lá, é só mais um. Sinto que fiz a diferença na vida deles e volto para casa com espírito e alma renovados. Recebi muito mais do que fui oferecer”.

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A Capitão pediatra destacou, também, a importância do apoio logístico e aéreo das Forças Armadas, dando o suporte necessário para que fosse realizado o trabalho por parte dos profissionais militares. “Saio daqui vibrando mais ainda com a farda que escolhi!”, completou Camila.

A missão

Com o apoio de helicópteros do Exército Brasileiro, no dia 11 de agosto, os militares de Saúde deslocaram-se para o Polo Base Sangradouro, onde foram realizadas as primeiras ações da fase 3 da Missão Xavante.

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Na região, que fica cerca de 250 km a oeste do 58º Batalhão de Infantaria Motorizado (58º BI Mtz), sediado em Aragarças (GO), base da operação, vivem cerca de 2.800 indígenas da etnia Xavante. Foram realizados mais de 300 atendimentos especializados, que incluíram, além de consultas médicas, testes rápidos para COVID-19, exames de ultrassonografia obstétrica e coleta de preventivo, entre outros.

Para o Cacique Alexandre Tsereptsé, o apoio com atendimentos está sendo muito bom para Sangradouro. “Isso vai afastar as doenças e o meu povo vai viver melhor”, disse.

No dia seguinte (12), os atendimentos foram realizados na aldeia Meruri, de etnia Bororo. A aldeia, que fica cerca de 120 Km a oeste de Aragarças, possui uma população média de 500 indígenas e muitos deles aproveitaram a oportunidade para passar por consultas em diferentes especialidades. Foram contabilizados 656 atendimentos na região.

O Cacique da aldeia, José Mario, destacou a alegria e a satisfação da comunidade de Meruri em receber o apoio dos Ministérios da Defesa e da Saúde. “Ver vocês aqui colaborando depois dessa pandemia, que fez alguns estragos na comunidade, empenhados, exercendo a saúde e resgatando a nossa integridade física, é muito importante para nós. Sempre que puderem estar apoiando a saúde aqui, a gente agradece. Obrigado.”

Rafael Batista, enfermeiro do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) de Cuiabá, acompanhou os atendimentos de saúde da equipe das FA no Polo Meruri. “Esse reforço veio para suprir uma necessidade em um momento de grande dificuldade enfrentada por essa população. Então, a gente só tem a ganhar com essa atividade.”

Nos dias 13 e 14, a missão seguiu para as aldeias Tritopá e Caçula, ambas do Polo Base Água Boa, mais ao norte da base de operação.

Situada a mais ou menos 200 km de distância do 58º BI Mtz, com uma hora de deslocamento aéreo, na Aldeia Tritopá, vivem aproximadamente 2.000 xavantes. A equipe de saúde realizou mais de 450 atendimentos, que variaram entre procedimentos de rotina, como consultas e exames, até situações menos comuns, que exigiram dos profissionais militares versatilidade e adaptabilidade.

“Nesta missão, vivenciamos uma outra realidade, uma outra cultura e situações completamente diferentes do cotidiano intra-hospitalar. Crescemos muito profissionalmente, pois tivemos que vencer a barreira da comunicação, da cultura e dos recursos, mas, sem dúvida, o lado humano evoluiu muito mais, pois ajudar, levar saúde a quem precisa é uma coisa singular”, disse o Sargento da Força Aérea Jonathan Sergio da Silva, integrante da equipe de Enfermagem do Setor de Pediatria do Hospital Central da Aeronáutica.

Na sexta-feira, dia 14, os atendimentos foram direcionados aos Xavantes da Aldeia Caçula. De mais difícil acesso, após o deslocamento de uma hora de helicóptero, a equipe precisou  realizar uma caminhada em meio à vegetação para, finalmente, iniciar os trabalhos na aldeia.

O vice-cacique de Caçula, Moises Tsumradi Xavante, fez questão de agradecer os 442 atendimentos realizados junto ao seu povo: “Vocês são bem-vindos para atender e ajudar no combate à doença”.

Todas as aldeias contempladas foram definidas no contexto da COVID-19, de acordo com o estudo do perfil epidemiológico realizado pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), do Ministério da Saúde. Após finalizar as ações de Saúde nas comunidades indígenas, a equipe integrante da Missão Xavante realizou, no sábado (16), uma Ação Cívico-Social (ACISO) em benefício da população do município de Nova Nazaré (MT), na região onde ocorreu parte da missão.

Missão Xavante

A Missão Xavante teve início no dia 27 de julho, com o objetivo de prestar atendimento de Saúde, em particular de combate ao novo coronavírus, junto às populações indígenas da região Centro-Oeste do País. Dividida em três fases, a missão proporcionou atendimento especializado a mais de 10 mil indígenas.

Por Maristella Marszalek e Major Medeiros – CCOMSEx.

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